D.Afonso Henriques-1º Rei

 

D.Afonso Henriques-1º Rei

de Portugal

Recomenda-se a leitura dos livros indicadas como fontes.

 As entradas neste blog, são pequenos apontamentos de

estudo. Mais do que os factos acontecidos no País neste

 reinado(1125 a 1185)cabem neste espaço o que de mais

relevante ocorreu no espaço político e cultural europeu.

Morte de Paio Mendes arcebispo de Braga(1138)

No outono de 1138 morre em Braga o seu arcebispo Paio

 Mendes da Maia, que exercia o cargo desde 1118. Irmão

 de Gonçalo o Lidador e de Soeiro, era filho de Mendo

Soares e de Leodegunda Soares, a "Tainha", da casa dos

Baiões.

Um grande lutador eclesiástico, que tinha conseguido

 resistir ao agressivo D.Diego Gelminez. Considerado por

 muitos como o verdadeiro aio de D.Afonso Henriques,

mas sem entrar em polémicas, sobre o mais influente

 junto do Rei, não se pode deixar de o considerar, pelo

menos um dos grandes conselheiros.

Daí a importância da escolha do sucessor, não tenha

 sido fácil, sendo chamado à assembleia eleitoral para

a sucessão D.João Peculiar, na altura bispo do Porto,

funções que exercia há muito pouco tempo, pois tinha

 sido nomeado para aquele cargo em 1135

Alguma reflexão sobre o cerco a Guimarães(1127)

Que o cerco a Guimarães, por Afonso VII, é uma acção

 punitiva pela parte deste contra sua tia D. Teresa,

 pelas acções bélicas de contestação sobre os seus

domínios que havia sido negociados em Ricovado,

aproveitando as quezílias entre o rei de Leão e

 Afonso de

Aragão.

Uma vez resolvido esse problema Afonso VII ruma

a Guimarães, para punir sua tia desavinda e tirar

desforço dos ataques ás seus domínios

na

Galiza.

Escolhe Guimarães, provavelmente por ser a sede do

 condado, onde seguramente D.Teresa não se encontrava,

 para uns encontrava-se em Coimbra, para outros no

 Porto, onde a avaliar pelos registos da época se

 encontrava no fim do Verão de 1127, pois a carta

 de doação e feudo da igreja de S.Fausto da Régua a

 D.Hugo bispo dessa sede data de 3

de

Setembro.

Mantém-se contudo o mistério sobre as razões que

 poderão ter levado D.Afonso a não querer levar esta

acção punitiva a efeito, num dos locais onde D.Teresa

 podia ser

encontrada.

Não restam dúvidas que após o cerco a Guimarães,

 Afonso Henriques acompanhou o seu primo a

Santiago de Compostela, como se atesta pela

confirmação dum privilégio concedido pelo seu primo,

 que coloca uma interpretação assaz pertinente,

que resulta na demarcação óbvia que o jovem infante de Portugal, faz dos crimes de "traição" cometidos por sua mãe, ao ter-se rebelado contra o seu sobrinho rei de Leão e Castela, que não se esqueça envolvia igualmente a Galiza e naturalmente o condado Portucalense.

Muita coisa continua por se perceber, já que as consequências práticas desse acto acabaram por ser nulas, já que D.Teresa rapidamente se apazigua com o seu sobrinho, reassumindo a legitimidade sobre o governo ds seus domínios

A perspectiva mística da Batalha de S.Mamede

A batalha de S.Mamede decorreu no dia de S.João Baptista de 1128 e viria a provocar uma mudança política decisiva. O santo que nesse dia se venerava anunciara a vinda de Cristo, e a coincidência da data parecia agora proclamar o aparecimento dum novo reino, destinado a tomar na cristandade um lugar de relevo.

Era esta dum modo geral a perspectiva do cónego regrante de Santa Cruz de Coimbra que registou cuidadosamente essa festa litúrgica, colocando-a na órbita das intervenções divinas.

Como se o aparecimento deste jovem cavaleiro enviado de Deus, servisse para punir os adúlteros incestuosos no poder, que não aceitavam as recomendações da Igreja, sobre o casamento

Um esclarecimento

Longe de estar acabado este blogue, dedicado ao nosso rei fundador, que abrangerá, como é proposta geral de todo este trabalho, os factos mais importantes ocorridos durante a vigência do seu reinado,

Posto isto, devo informar que, a primeira parte desta aventura acabou, no que aos aspectos principais do reinado do Conquistador aconteceram

Seguir-se-ão intercalações de outros pequenos factos nas respectivas datas, pelo que sugiro que a sequência a seguir na leitura do que aqui vai sendo dito, deva ser feita utilizando as etiquetas laterais, pois ali se enquadram os factos devidamente, muito mais que o seguimento simples das postagens, desordenadas na sua sequência e que ainda mais se irá acentuar no futuro

Restauração das dioceses de Viseu e Lamego

Restauração por D.Afonso Henriques a conselho de D.João Peculiar arcebispo de Braga, das diocese de Lisboa,

Gilberto e Hastings-bispo de Lisboa

de Viseu

Mudando frequentemente de mãos, ora em poder de cristãos, ora de maometanos, apenas no ano 1058 a cidade de Viseu, graças à arremetida vitoriosa de Fernando Magno, rei de Leão, logrou recuperar, definitivamente, a sua liberdade. Mas tão desmantelada ficou , foram tão fundas as feridas da rude ofensiva leonesa, que somente em 1147/1148- cem anos após a reconquista...- estava a Diocese em condições de sustentar bispo próprio.

Durante tão longo interregno pontifical, foi a Dioceses governada pelos Bispos de Coimbra, por intermédio de Priores, o mais célebre dos quais, pelas suas virtudes foi S. Teotónio, patrono actual da Cidade.
 



e Lamego,

O primeiro prelado foi D. Mendo, que assistiu ao concílio provincial celebrado em Braga, nesse ano. A diocese de Lamego tem a particularidade da cidade da sua sede não constituir capital do distrito, sendo o único caso em Portugal onde isto acontece

pertencentes outrora à metrópole de Mérida e portanto seriam sufragâneas de Santiago de Compostela.

Os bispos foram sagrados pelo arcebispo de Braga o que suscitou o protesto de Afonso VII, junto da cúria romana.

  • Nascimento de D.Urraca 2ª filha legítima de D.Afonso Henriques e D.Mafalda

Futura Rainha de Leão pelo seu casamento com Fernando II

 

Fundação do Mosteiro de S.Vicente de Fora(1147)

O ano de 1147 corresponde a um ano de grande feitos e glória para D.Afonso Henriques desde logo pelo tomada da praça de Santarém

A conquista de Santarém

Da Conquista de Santarém extraído da "Crónica de D.Alfonso Henriquez"se pode concluír que Santarém tenha sido doado aos cavaleiros Templários

"Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Eu, Afonso, por graça de Deus Rei dos Portugueses, começando minha jornada para o castelo de Santarém, fiz voto que se Deus mo concedesse lhe ofereceria todo o direito eclesiástico e aos cavaleiros e demais religiosos dos Templários que me acompanharam nesta empresa [...]. Portanto, eu, D. Afonso, com a minha mulher, a rainha D. Mafalda, fazemos Doaçao aos cavaleiros de todo o direito eclesiástico de Santarém para que o tenham e possuam, assim como seus sucessores para sempre [...]"


Como logo de seguida no mesmo ano a conquista de Lisboa

A conquista de Lisboa-A negociação
A conquista de Lisboa-As hostilidades
A conquista de Lisboa-A rendição

Gilberto Hastings-Bispo de Lisboa
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Outros acontecimentos em Portugal
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  • Março,05-Nasce D. Henrique, 1º filho do seu casamento com D.Mafalda mas que morreu jovem, com apenas 8 anos

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  • Novembro-Fundação do mosteiro de S.Vicente de Fora

O Mosteiro de S. Vicente de Fora foi fundado em 1147 por D. Afonso Henriques , em cumprimento de um voto dirigido ao Mártir São Vicente pelo sucesso da conquista de Lisboa aos mouros. Doado aos cónegos regrantes de Santo Agostinho.

A igreja e convento maneiristas construídos no século XVI, segundo projecto de Filippo Terzi, substituirá este velho mosteiro

Hoje o Mosteiro São Vicente de Fora é, sem dúvida, um dos monumentos mais impressionantes e marcantes da urbe Lisboeta, não só pelo seu significado artístico mas sobretudo pela forma como se impõe com as suas proporções grandiosas, dominando a cidade e o Tejo. Desde Novembro de 1998 estão instalados aí os Serviços do Patriarcado de Lisboa Do amplo terraço da cobertura disfruta-se um dos mais belos e vastos panoramas sobre Lisboa.

Cistercienses em Portugal(1144)

  • Os cistercienses instalam-se em Portugal


A Ordem de Cister, fundada em 1098 por S. Roberto, defendia um regresso à pureza e ao despojamento originais do cristianismo, através de uma reforma profunda da organização e vivência monásticas.

Sob a direcção de Bernardo de Claraval, a ordem chegou a Portugal em 1144, data da fundação do Convento de S. João de Tarouca.

O Mosteiro de S. João de Tarouca é um dos mais interessantes de toda a região do Douro Sul.

Está classificado Monumento Nacional. A Igreja foi reconstruída no sec. XVI e dessa época guarda valiosos tesouros, entre os quais se destacam os dez belíssimos altares de traça renascentista, o quadro de S. Pedro, os painéis de azulejo alusivos à fundação do Mosteiro e as esculturas.

O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas é outra jóia da arquitectura românica, estritamente ligada aos primeiros tempos da fundação da Nacionalidade.

Num rápido crescimento motivado pela protecção régia de que gozava, e que via nos monges de Císter um meio ideal de fortalecer a fixação e o povoamento de um território ainda em formação, a ordem chegou a ter mais de trinta mosteiros em Portugal, alguns deles riquíssimos testemunhos da produção artística nacional ao longo de vários séculos.

Outros acontecimentos em Portugal

  • Abril,30-A aceitação papal da homenagem de D.Afonso Henriques

Já feita depois da morte do papa Celestino II, pelo novo papa Lúcio II, eu muito embora aceite o censo anual prometido, mas concede apenas o título de dux a D.Afonso Henriques

Ler mais clicando abaixo

Devontionem tuam-A resposta do Papa

  • Ataque muçulmano a Soure

Lê-se na Vida de S. Martinho de Soure, escrita por um monge do séc. XIII, que era um homem de grande coração e muito querido dos seus paroquianos.

Segundo o cronista, em 1144, o governador de Santarém Abu-Zakaria ocupou Soure, que destruiu e levou cativa parte da população para Santarém

Soure-O último ataque muçulmano

Outros acontecimentos fora de Portugal

  • Março,08-Morte do 166º Papa Celestino II, substituído por Lúcio II  

Era conhecido pelo apelido carinhoso de "trabalhador de Deus" e sempre que empreendia uma viajem pastoral pela província romana, os populares diziam "lá vai a águia sobrevoar seu o planalto em volta de seu ninho". Editou uma colecção de ordenações que mais tarde seriam úteis para classificar os pontífices que foram seus antecessores e os seus póstumos.

Concessão do foral a Penela(1137)

Acontecimentos em Portugal

  • Concessão do foral de Penela

Penela recebe o seu primeiro foral, atribuído por D. Afonso Henriques, em 1137.
Dois anos depois, em 1139, D. Afonso Henriques terá participado no fossado da Ladeia (designação da região entre Penela e Ansião) e, cinco anos depois, em 1142, D. Afonso Henriques cria outro concelho a cerca de 5 km de Penela, num dos montes Germanelos, onde constrói um castelo
.

A primeira referência escrita a Penela porém, data do ano de 1087 e surge no testamento do Conde D. Sesinando. Naquele documento, o que foi o primeiro governador de Coimbra após a reconquista definitiva da cidade, diz ter “povoado o castelo de Penela”.

  • Destruição do Castelo de Leiria

Existe alguma controvérsia acerca das datas da destruição pelos mouros do castelo em Leiria que havia sido construído em 1135.

Algumas notas podem ser revistas na postagem seguinte


A destruição do castelo de Leiria-19

  • Julho,04-Paz de Tui assinada entre D.Afonso Henriques e D.Afonso VII

Assinado entre D.Afonso Henriques e D.Afonso VII, foi um acordo de ordem feudal em que D.Afonso VII considerou seu primo como vassalo de origem regia, que reforçaria o seu titulo de imperador. Para além da devolução de tudo o que havia conquistado comprometeu-se a não mais atacar nem nenhum dos seus homens, territórios na Galiza que reclamava como herança de sua mãe.

Ver mais na postagem seguinte


O pacto de Tui-17

Acontecimentos fora de Portugal

  • Aragão-Morte do rei Ramiro II sucedendo-lhe Petronilha

Ramiro o monge que tinha herdado a coroa após quase 40 anos de convento e que por dispensa do Papa se havia casado com a filha dos condes de Poitiers, tivera uma filha de nome Petronilha a favor de quem abdicou da coroa de Aragão, quando ela contava apenas 2 anos, depois de a ter casado com Ramon Berenguer conde de Barcelona e que ficou a governar em nome da jovem Rainha.

  • França-Morte de Luís VI o Gordo sucedendo-lhe seu filho Luís VII

Rei capetíngio, nascido em Paris, cuja dedicação à ordem e à justiça, tornou muito popular com as classes médias e o clero. Firmemente estabeleceu sua autoridade dentro do domínio real, suprimindo a violência dos fora da lei e castigando os malfeitores.

Continuou a política paterna contrária a presença inglesa na Normandia e esteve quase que continuamente em guerra com Henrique I.

  • Dezembro, 13-Sacro Império Germânico-Morte do Imperador Lotário II

No regresso à Alemanha das campanhas de Itália , morre durante a viagem ainda no Tirol. Após a morte de Lotário, chega finalmente a vez da casa dos Hohenstaufen.

Conrado será eleito (1138) rei da Germânia, elevando a casa de Stauf à realeza, governando como Conrado III.

Introdução da regra de Sto Agostinho(1134)

Acontecimentos em Portugal

  • Destruição do Castelo de Celmes por Afonso VII

Guerra feudal na Galiza (1130-1134)-12

  • Introdução da regra de Santo Agostinho, na comunidade de Grijó, que foi a primeira duma longa série de mosteiros de Entre Douro e Minho.


Acontecimentos fora de Portugal

  • Aragão-Setembro,11-Afonso I de Aragão morre deixando o seu reino a ordens militares, porém sucede-lhe o seu irmão, Ramiro II o Monge.

Vendo-se sem filhos Afonso I rei de Navarra e Aragão, coroas que estavam unidas há 50 anos,no seu testamento de 1131, ratificado alguns tempo depois, declarou herdeiros e sucessores dos seus reinos em partes iguais o Santo Sepulcro, o Templo e os Hospitalários.

Essa disposição porém ficou sem efeito, voltaram a separar-se as coroas, os Navarros elegeram Garcia Ramirez e os Aragoneses escolheram Ramiro, irmão de Afonso monge no mosteiro de Sain Pons de Thomieres.

  • Navarra-Garcia Ramirez IV de Navarra(9ºRei de Navarra)-Reinado início.

Foi eleito pelo magnates e bispos navarros, depois da morte de Afonso I. Enfrentou o rei leonês Afonso VII, a quem havia prestado vassalagem, mais tarde firmaram a paz e juntos tomarão Almeria.

Início da vida comunitária em Santa Cruz(1132)

Acontecimentos em Portugal

  • O Conde Gonçalo Pais das Astúrias é acolhido na corte portuguesa.
  • Fevereiro,24-Início da vida comunitária em Santa Cruz de Coimbra.

O Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra-14



O primitivo edifício da igreja e mosteiro de Santa Cruz foi construído entre 1132 e 1223, mas quase nada resta desta fase românica da obra. A fachada da igreja se parecia à da Sé Velha de Coimbra, com uma torre central avançada dotada de um portal e encimado por um janelão. Esses aspectos da fachada românica ainda são visíveis hoje, detrás da decoração posterior.

Acontecimentos fora de Portugal

  • Leão-Afonso VII domina a revolta asturiana.
  • Alemanha-Imperador Lotário chega a Itália impondo como legítimo pontífice o papa Inocêncio II.

Acontecimentos no ano de 1131

Acontecimentos em Portugal

  • Mudança da residência real de Guimarães para Coimbra.

Mudança da residência real para Coimbra-13

  • Junho,28-Mosteiro Santa Cruz Coimbra-Inicio de Construção.

Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra-14

Morte de D.Teresa(1130)

D.Teresa finou-se a 1 de Novembro de 1930, segundo o livro de óbitos de Santa Cruz de Coimbra, legitimando a sucessão de seu filho.

Alguns autores defendem que foi detida pelo próprio filho no Castelo de Lanhoso, outras que se exilou num convento na Póvoa do Lanhoso, onde veio a falecer em 1130, após a derrota na batalha de S-Mamede

Modernamente, entretanto, concluí-se que, após a batalha e já em fuga, ela e o conde Fernão Peres foram aprisionados e imediatamente expulsos de Portugal vindo ela a falecer na Galiza, ao passo que Peres Trava viria reconciliar-se com D.Afonso Henriques.

Os seus restos mortais foram trazidos, mais tarde e por ordem expressa do seu filho, para a Sé de Braga, onde ainda hoje repousam junto ao túmulo de seu primeiro marido, o conde D. Henrique.


Acontecimentos fora de Portugal

  • Afonso VII destrói o Castelo de Celmes.
  • Fevereiro,13-Morte do papa Honório II.

Havia sido eleito papa em 21 de Dezembro de 124.

  • Fevereiro,23-Inocêncio II-Início de papado-Papa 165º

Gregório de Papareschi foi eleito porém havia outro pretendente Pietro Pierleon, cujos seguidores não aceitaram a eleição de Papareschi, proclamando Pierleon também como papa Anacleto II.
Ambos foram coroados, começando assim o cisma.
Os governantes da Europa, e em especial Lotário II, o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, apoiavam Inocêncio II, deixando Anacleto com poucos apoiantes poderosos.
O mais importante deste último Rogério II da Sicília, cujo título de "Rei da Sicília" Anacleto aprovara pouco depois de ascender ao trono papal, viria a forçar Inocêncio a deixar Roma e a ir viver em Pisa, até à morte de Anacleto em 1138, tendo entretanto Bernardo de Claraval apoiante de Inocêncio convencido todos os apoiantes de Anacleto a passar para o lado de Inocêncio que pode então regressar a Roma e governar sem oposição.

A morte de D.Afonso Henriques(1185)

(Igreja de Santa Cruz)

  • No dia 6 de Dezembro de 1185, faleceu em Coimbra, encontrando-se sepultado da Igreja de Santa Cruz, no mesmo túmulo acompanhado de sua mulher D.Mafalda.
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  • O rei D.Manuel anos mais tarde considerou que o sepulcro era modesto, mandando fazer outro, transferindo então os restos mortais para a nave central da Igreja, mas voltaria pouco tempo depois outra vez para a capela-mor, para o mesmo local onde estava anteriormente.
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  • Na mesma igreja em frente a seu pai, no lado oposto da capela-mor, repousam também os restos mortais de seu filho e herdeiro D. Sancho I.
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  • Várias tentativas para se proceder à abertura do túmulo por iniciativa da professora Eugénia Cunha, que lidera uma vasta equipe luso-espanhola para estudo das ossadas, não têm colhido autorização superior, nomeadamente do IPPAR apoiado pela Ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.
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  • Tanto quanto julgo saber a posição do IPPAR, salienta que essa iniciativa, não garante a salvaguarda do património.

Instalação da ordem do Templo(1129)

Acontecimentos em Portugal

  • (Março,14)-Instalação da Ordem do Templo-Doação do Castelo de Soure que também servia de defesa à cidade de Coimbra das invasões sarracenas vindas do sul.

As origens do castelo se Soure estão envolvidas por diversas incertezas, que permitem supor a existência de uma fortificação romana ou de uma construção defensiva executada pelos árabes, mas o mais concreto indício data de 1111, quando o Conde D. Henrique, atribuiu foral a Soure.

Soure foi entregue pela mãe de D. Afonso Henriques, D. Teresa, aos Templários, doação que mais tarde, em 1129, é confirmada por D. Afonso. Com a extinção da Ordem do Templo, o castelo passou para a posse da Ordem de Cristo, que o manteve até ao fim do século XIX.

Tratando-se de um castelo do tipo alcáçova, terá sido utilizado mais como residência do que para fins militares, pertenceu ao poeta Santiago Presado, que por volta de 1940, o colocou à disposição da Câmara Municipal, e chegou a estar à venda em hasta pública. Está classificado como Monumento Nacional.

Primitivamente este castelo contava com quatro torres, uma das quais, foi dinamitada em 1880, por ordem camarária, por ameaçar ruína, hoje apenas uma está completa. Tem um tipo de construção rude, como se tivesse sido edificado à pressa, recorrendo a todo o tipo de matérias disponíveis.

crédito : texto retirado daqui

Acontecimentos fora de Portugal

  • Leão-Revolta em Castela dos condes Lara retém Afonso VII em Leão, o que constitui uma das razões possíveis para a não reacção daquele soberano pelo acontecimentos decorrentes da Batalha de São Mamede

Confirmação do foral a Guimarães(1128)

  • 19 de Março-Concessão do castelo de Soure aos Templários

Concedido por D.Teresa "pela salvação da minha alma e pela redenção dos meus pecados", não confirmado pelo infante. Dádiva de estrema importância, porque se tratava dum bem valioso e estratégico e que envolvia uma entidade religiosa e militar e que viria a desempenhar importante papel na luta contra os infiéis

  • Abril-Concessão do foral a Guimarães por D.Afonso Henriques 

Que não foi mais do que uma confirmação do foral que seu pai, provavelmente em 1096 dera.Nesse documento D.Afonso diz que pretende favorecer os burgueses que com ele tinham passado male et pena. Referindo-se às atribulações que as populações haviam sofrido, durante o cerco a Guimarães por Afonso VII

  • 27 de Maio-D.Afonso solicita apoio ao arcebispo de Braga 

D. Paio Mendes, da família dos conhecidos Mendes da Maia,estava à frente da diocese de Braga e era um declarado opositor da influência exercida pelos Travas no governo de D. Teresa. Desde sempre apoiou o infante D. Afonso Henriques de quem foi incondicional aliado, chegando mesmo a estar na prisão e a sofrer o exílio em Zamora.

A carta de 27 de Maio de 1128, em que o infante lhe solicita apoio militar para o confronto que se avizinhava com os partidários de D. Teresa, nomeadamente Fernão Peres de Trava, exprime bem a confiança que ele tinha no prelado e justifica os privilégios que lhe concederá, a começar pela ampliação dos limites do couto de Braga e a atribuição das funções de futuro chanceler, que não exerceu pessoalmente, sabendo-se, no entanto, que os cinco primeiros chanceleres da cúria régia, foram membros do cabido de Braga.

  • Acontecimentos fora de Portugal 
  • Alemanha-Conrado da Suábia é eleito anti-rei, pelos inimigos do Imperador Lotário, com o apoio do irmão Frederico e do papa, é coroado em Monza, rei de Itália.
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  • Inglaterra-Matilde filha do rei Henrique I casa em segundas núpcias com Godofredo de Anjou, chamado o Pantageneta.Curiosamente não houve oposição por parte de Igreja, apesar da irmã de Godofredo ser viúva do irmão de Matilde e que tinha servido de pretexto para anular outros casamentos.Este casamento com a viúva do Imperador Romano germânico pretendia negociar a paz entre a Inglaterra e a Normandia com Anjou senhor das terras do Maine.
  • Concílio de Troyes-(14 de Janeiro)-onde é aprovada a regra primitiva da Ordem do pobres cavaleiros de Cristo, fundada por Hugo de Payns, com sede junto ao antigo templo de Jerusalém, donde deriva o nome Templários.
  • Leão-Morte de Pedro Froilaz tutor de Afonso VII.
  • Leão-(Novembro)Casamento de Afonso VII com Berengrária, filha do conde de Barcelona em Saldaña

Acontecimentos ano 1127-Fora de Portugal

  • Luís VI rei de França, casa uma meia-irmã de sua mulher(Adelaide de Sabóia tia da rainha D.Mafalda) com Guilherme Clinton, atribuindo-lhe o senhorio de Flandres, após o assassinato de Carlos o Bom que fora assassinado

 

  • Henrique I de Inglaterra tenta fazer reconhecer a sua filha Matilde viúva do imperador alemão Henrique V.
  • Henrique I,Cognominado Beauclerc dado seu interesse por literatura, era o filho mais jovem e mais capaz de William I o Conquistador, e de Matilda da Flandres, e também irmão de Roberto II, Duque da Normandia.

Acontecimentos no ano de 1126-Fora de Portugal

  • Henrique o Negro da Baviera morre, sucedendo-lhe o seu filho Henrique o Soberbo, que no ano seguinte por casamento ficará com o ducado da Saxónia.

 

  • Afonso I de Aragão vence almorávidas na batalha de Ainzol e chega a Málaga.

 

  • Nasce Averrois. Médico e filósofo hispano-árabe. Membro de uma família de juristas, estuda Medicina e Filosofia.
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  • Os averroístas aceitam, com Aristóteles, a concepção de Deus como motor imóvel que move eternamente um mundo eternamente existente não feito nem conhecido por ele. Esta tese da eternidade do mundo choca com as concepções cristãs. Postulam que a alma individual do homem é perecível e corruptível; isto é, não é imortal. Finalmente, os averroístas defendem a teoria da dupla verdade: a teológica ou da fé e a filosófica ou da razão. Portanto, é verdade, de acordo com a fé, que a alma é imortal e o mundo é criado; mas também é verdade, de acordo com a razão, que a alma é corruptível e o mundo é eterno. Esta defesa desesperada da autonomia da razão perante a fé, que se opõe à tese augustiniana de que a verdade é única, é condenada e perseguida no Ocidente cristão pela autoridade eclesiástica.
  • Início do episcopado de Raimundo de Toledo.

D.Teresa Afonso a filha predilecta

  • Foi por certo um dos últimos actos de D.Afonso Henriques, a negociação do casamento da sua filha Teresa Afonso, que já com 28 anos ainda não tinha casado. Historiadores recentes concluem que o rei tinha grande afeição por esta sua filha o que justifica em parte esse longo celibato da princesa.

 

  • Outras razões se poderão invocar, por um lado a necessidade de acompanhar e tratar, D.Afonso que desde Badajoz se sabe tenha ficado bastante dependente de ajuda e tratamento.Também se pode acrescentar, algum precaução no que à herança do trono dissesse respeito, não porque a sucessão por Sancho fosse questionada, mas por razões de precaução face a um possível desastre que custasse a vida do herdeiro.

 

  • Por volta de 1184 já Sancho e Dulce tinham tido filhos, um Henrique outro Raimundo e 3 filhas, porém a sua menoridade terá feito salvaguardar Teresa Afonso para uma eventual remota possibilidade de suceder a seu irmão Sancho.

 

  • Em 1184 porém como já descrito, podia então D.Afonso negociar o casamento de sua filha. Após demoradas negociações, D.Teresa Afonso foi dada em casamento a Filipe da Alsácia, conde de Flandres, já viúvo há cerca de 7 anos.

 

  • Grande espavento e numeroso séquito acompanhou a noiva, que assim se despedia de seu pai. que como não deveria ter deixado de imaginar, não voltaria a ver com vida.

 

  • Maria Roma (esposa de Diogo F. Amaral), num estudo apresentado II Congresso Histórico de Guimarães, traça a vida e o perfil da filha de D. Afonso Henriques, que vem a casar, em 1185, na catedral de Bruges, com Filipe da Alsácia. Cidade de Bruges ainda hoje celebra carinhosamente esta Infanta de Portugal.

 

  • Viria a enviuvar de Filipe, 6 anos mais tarde sem terem gerado filhos, afinal o grande desígnio do conde de Flandres para que o seu condado não viesse a cair nas mãos do rei de França.

 

  • Voltaria a casar com o duque Odo III da Borgonha em 1193, mas desse casamento também não nasceram herdeiros, pelo que acabou por ser repudiada.



Acontecimentos fora de Portugal-1125


  • Henrique V-Morre o imperador do Sacro Império Romano Germânico, após vários conflitos é eleito sucessor Lotário de Supplimburgo, apoiado pelo duque da Baviera.Entram em conflito os Hohenstaufen que apoiam a candidatura de Frederico duque de Suábia.

 

  • Afonso I de Aragão-Invade a província de Granada e tendo vencido em Arinsol um exército almorávida chega a Málaga.

Julião Pais chanceler-mor do Reino(1182)

  • Julião Pais foi nomeado chanceler-mor do reino em 1182 em substituição de Pedro Feijão e após uma vacatura de cerca de 2 anos a que não será estranha a derrota de Arganal. Coincidindo por essa data a doação a Julião Peres do lugar de Ceira.

 

  • Este chanceler, iria estender a sua influência e o seu cargo ao longo de 3 reinados, pois só viria falecer em 1215. Foi pai do primeiro cardeal português de nome Egídio.
  • A sua nomeação e a longevidade, que obviamente ninguém poderia prever, constituiu o primeiro passo para a consolidação de organização administrativa do país.
  • Era ao chanceler-mor que estava confiado o selo real com que eram autenticados os diplomas régios. As suas funções eram amplas e incluíam o controlo dos diversos funcionários espalhados pelo País. Pode comparar-se ao que hoje em dia consideraríamos um primeiro-ministro.
  • O título de Mestre atribuído a Julião Pais reconhece grande sabedoria e vastos conhecimentos jurídicos, que dele fizeram pois, um dos responsáveis consolidação do reino português.
  • Faleceu em 1215 e está sepultado da Sé de Coimbra

A batalha de Arganal-Nova derrota

  • As questões entre Portugal e Leão continuavam mal resolvidas. Afonso Henriques, com se viu havia perdido todos os castelos em que se tornara senhor em Límia e Toroño e que além disso se julgava herdeiro por parte de sua mãe.
  • As relações com Fernando II já foram aqui bastas vezes referidas como extremamente tensas acentuadas com a anulação do casamento com a princesa portuguesa e do qual havia nascido herdeiro do trono leonês.
  • Desse divórcio nova questão havia nascido,a do terras de Castro Torafe que a infanta Urraca Afonso, havia recebido como dote de casamento e que Fernando II considerava retornadas, enquanto D.Afonso Henriques as pretendia destinar à Ordem de Santiago.
  • Esta questão e a convicção que os leoneses estavam enfraquecidos, em razão de 3 reencontros próximos com as forças almóadas, além dum ataque de Afonso VIII de Castela.
  • Assim em meados de 1179 e depois dum segundo ataque do rei de Castela, os portugueses sob o comando do herdeiro Sancho atacam, Ciudad Rodrigo, mas sofrem pesada derrota numa batalha campal em Arganal.
  • As posteriores tentativas de novo ataque foram sendo adiadas pois a eventualidade duma coligação com o rei de Castela esfumou-se devido a uma acordo de paz assinado entre Leão e Castela em Medina del Rioseco dois anos depois.
  • D.Sancho já rei haveria de voltar mais tarde ao combate por esta causa.

Acontecimentos ano 1178-Fora de Portugal

  • Papa Alexandre III-de seu nome Orlando Bandinelli foi Papa de 1159 até 3 de Agosto de 1181.Nasceu em Siena, ensinou direito canónico na universidade de Bolonha, onde escreveu Summa Magistri Rolandi, comentários sobre Decretum Gratiani.Reconciliação com o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Barba Ruiva que é coroado em Arles
  • Henrique II de Inglaterra, institui um tribunal de justiça permanente.Acabou com a anarquia e desenvolveu o direito consuetudinário, que foi aplicado em toda Inglaterra pelos tribunais do reino. O reino de Henrique abrangia mais da metade da França e o reinado sobre a Irlanda e a Escócia. Seus filhos conspiraram contra ele em várias ocasiões, apoiados pelos Reis da França e pela sua própria mãe, Leonor de Aquitânia. 

Renascer dos conflitos com os álmoadas

  • Castelo de D. Fuas Roupinho
  • Uma vez rompidas as tréguas em 1178 parece ter libertado uma ânsia de combater pela parte dos Reis cristãos. Em especial por parte dos portugueses, a área de Sevilha pareceu ser a escolhida para fazer incidir os seus ataques.
  • Logo 1179 e desta vez usando a via marítima Fuas Roupinho o almirante da frota portuguesa, subindo o Guadalquivir, volta a atacar os arredores de Sevilha, saqueando e retirando de seguida.
  • A resposta não se fez esperar do lado almóada que usando a frota de Ceuta, ataca Lisboa, destruindo alguns navios e saqueando também os arredores
  • Nova ataque marítimo sob o comando do almirante, levou a novo raíde à ilha de Saltes e nova resposta já em Maio de 1180 terá levado os árabes a atacar a Nazaré e Porto de Mós, exactamente o castelo de alforia de D.Fuas Roupinho que ajudado pelos homens de Alcanena e de Santarém dizimou as hostes invasoras.
  • Em Julho do mesmo ano liderando uma frota portuguesa armada em Lisboa, D.Fuas derrota ao largo cabo Espichel uma frota de nove navios álmoadas inflingíndo-lhes pesada derrota.
  • Com uma frota alargada a 40 navios, D,Fuas abalançava-se a atacar não só o Algarve como também Ceuta, inaugurando a tentativa de penetração em África que 3 séculos depois se iria retomar.
  • No ano de 1181 acabaria porém a precoce aventura naval deste almirante, que ao dirigir -se a Silves,com o intento de novo ataque, com a sua frota de 40 navios, foi confrontando com uma poderosa frota álmoada de 54 navios e nessa batalha ao largo do Cabo de São Vicente (para alguns seria do Espichel), seria morto e 20 dos nossos navios afundados.

Acontecimentos no ano de 1179-Fora de Portugal

  • Concílio de Latrão,III e XI na cronologia dos concílios. Realizado entre 5 e 19 de Março, que estabeleceu as normas para a eleição do Papa, por dois terços dos cardeais presentes no conclave. Acabando o direito imperial de nomeação do Papa.
  • Foi determinado que neste concílio a obrigatoriedade de todas as igrejas possuírem uma escola, ficando excluído qualquer recurso às autoridades leigas para dirimir dúvidas do processo eleitoral, recomendação da disciplina da Regra aos monges e cavaleiros regulares, que interferiam indevidamente no governo da Igreja. ´ condenação das heresias da época, de fundo dualista (catarismo) ou de pobreza mal entendida (a Pattária, o movimento dos Pobres de Lião ou Valdenses)
  •  
  • Tratado de Cazola-Aliança entre Afonso VIII e Afonso II de Aragão para reconquistar Valência, que havia regressado a mãos muçulmanas, bem como negociar a partilha dos territórios a reconquistar.

Manifestis probatum est

  • O ano de 1179 foi um bom ano para Portugal e para o nosso rei. Apenas 3 meses depois do seu testamento e no dia 23 de Maio e um pouco inesperadamente, Alexandre III por meio da bula Manifestis probatum est. reconheceu a D.Afonso Henriques o título de rei, declarando que o tomava a ele e aos seus herdeiros sob a protecção da Santa Sé, considerando Portugal como um reino pertencente a São Pedro, prometendo auxílio papal.
  • Tinham passado 36 anos desde a homenagem prestada por D.Afonso Henriques.
  • Mattoso defende uma teoria curiosa para esta decisão, numa altura em que se não esperava, nem tinha sido objecto de negociações específicas. Ele relaciona este acontecimento com o testamento de D.Afonso de 3 meses atrás.
  • Nesse testamento como disse foram amplamente contemplados a Igreja, as suas instituições e provavelmente ao próprio Papa não esquecendo que durante todos os anos passados desde a homenagem ao Papa, foram sempre escrupulosamente pagos os tributos devidos.
  • O emissário que teria dado a boa nova das contemplações testamentarias poderá ter sido o novo arcebispo de Braga Godinho, anteriormente referido, que terá tomado parte no concílio de Latrão que teve lugar entre 5 e 19 de Março.
  • Sob o ponto de vista político naturalmente as alterações acontecidas na Península também justificavam amplamente que a D.Afonso Henriques fosse atribuído o título de Rex em detrimento do simples dux porque era anteriormente designado.
  • Não havia nenhum rei hegemónico como no tempo de Afonso VII, havia 5 reinos ibéricos independentes e essa questão era tão evidente que se iria manter durante séculos.
  • A partir de 1179 deixava de ser rei de facto para se tornar de pleno direito.
  • Haveria por certo razões de peso para se considerar que o dia de Portugal devia ser o dia 23 de Maio.

O testamento de D.Afonso Henriques

  • São factos do ano de 1179 a concessão dos forais dados por D.Afonso Henriques às cidades de Lisboa, Santarém e Coimbra, todas em Maio desse anos. 32 anos depois da conquista das duas primeiras, achava D.Afonso que as principais cidades do Reino podiam finalmente aspirar ter a sua própria administração.
  • Poucos meses antes dessa concessão, D.Afonso Henriques já com cerca de 70 anos entende chegada a hora de redigir o seu próprio testamento. Existem duas versões a primeira delas com data de Fevereiro desse ano e outra sem data mas não muito diferente da versão referida.
  • Esse testamento refere apenas os legados em dinheiro a instituições religiosas, reflectindo as suas preocupações, normais na época de associar essas dádivas à salvação da alma.
  • Revelador contudo foi a preocupação de distinguir as instituições em si mesmo e não os respectivos chefes, não beneficia bispos, ou as dioceses, contempla as obras das catedrais. Destina dinheiro para pobres e para hospitais de doentes peregrinos e viajantes.
  • Dá dinheiro para a recentemente criada Ordem de Évora, encarregada de defender a zona mais avançada do Reino, mas nada concede aos Templários, nem para os de Santiago, cujos rendimentos sabia bem elevados.
  • Testamento portanto também ele revelador do seu carácter.

Ataque aos arredores de Sevilha (1178)

Independentemente do efeito político do casamento de Sancho com a herdeira de Aragão, os tempos na Península Ibérica no que aos aspectos diplomático diziam respeito, não se encontravam numa fase positiva.

Não tendo sido convidado para os múltiplos encontros que foram acontecendo demonstra que o afastamento de D.Afonso Henriques da cena era real e preocupante.

  • Em 1176 acordo de paz entre Castela e Navarra com a mediação de Henrique I de Inglaterra, originou vários acordos com o envolvimento da coroa de Aragão, não tendo sido D.Afonso chamado para essas negociações pelo menos como aliado de Aragão e Castela
  • Em 1177 Leão, Aragão e Castela unem-se militarmente para cercar Cuenca, como retaliação para um ataque ao rei de Castela por parte dos almóadas
  • Novamente em 1177 encontro em Tarazona, entre esses 3 reinos cristão, não estando Portugal representado, nem sido convidado
  • Foram por certo esta as razões que levaram Portugal a considerar a necessidade de reavivar o seu prestígio, envolvendo forte exército para uma incursão aos arredores de Sevilha sob o comando do infante Sancho, conforme se aborda naquele blogue.
  • (Ataque aos arredores de Sevilha)
  • As razões dessa acção militar tendem igualmente a fazer lembrar ao papado, que existe Portugal, que espera o seu reconhecimento enquanto reino, continuando a pagar o tributo anual à cúria desde 1143

Morte de D.João Peculiar(1175)

  • Dom João Peculiar falecido em Braga em 3 de Dezembro de 1175, foi um dos aliados mais fiéis de D.Afonso Henriques, estando presente até á data da sua morte, em todas as circunstâncias mais marcantes dos percurso do nosso Rei fundador.
  • D.João era de origem francesa , mas a família habitava em Coimbra ou na região do Vouga.Deve contudo ter estudado em França, o suficiente para vir a desempenhar as funções de mestre-escola da catedral.
  • Fundou em terras que era proprietário, uma comunidade eremítica dirigida por João Cirita, que haveria mais tarde ingressar em hábitos cistercienses.
  • Inimigos de D.João haveriam de o acusar de o ter abandonado.
  • Fundou em Coimbra em 1131, com D.Telo e D.Teotónio uma comunidade de cónegos regrantes o Mosteiro de Santa Cruz, do qual este último será o primeiro prior.
  • Foi D.João que o coroou dizem nas cortes de Lamego, (de existência duvidosa contudo).
  • Organiza o encontro de Zamora em 1143, que marca o início do processo de independência.
  • Acompanha D.Afonso na conquista de Lisboa, abençoa enquanto arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, reconhecido desde 1139, a mesquita-mor do mouros e sagrou Gilberto de Hastings 1º bispo da cidade conquistada.
  • Por sua morte deixou manuscritas muitas dessas cartas em latim.

Saladino-Uma personalidade de respeito

  • Por esta altura em 1175 a fama de Saladino começa a espalhar-se há 6 anos que fora nomeado sultão do Egipto, sultão de um Império que se estendia da Síria, Egipto até a região central da actual Turquia.
  •  
  • Esse império originário da Síria, veio pôr fim e criar unidade política no mundo muçulmano cujas diversas seitas se guerreavam entre si pela hegemonia, que os enfraquecia.
  • Durante algum tempo os Estados cristãos sobreviveram na Asia, graças às divisões entre os seus inimigos, tendo os exércitos de seu tio, Nur ad-Din, governador de Alepo (Síria), derrotado todos os outros governantes muçulmanos.
  • Contudo para além do seu poderio militar Saladino, nascido curdo em Tikrik hoje território Iraquiano, salientou-se também e o seu lugar na História fica marcado por isso, pela sua personalidade.
  • Numa época em que governar significava crueldade e traição, Saladino destacou-se pela sua honestidade e humanidade, honrava a sua palavra a amigos ou inimigos e ao contrário do que acontecia com o comportamento cristãos, seus homens nunca massacraram prisioneiros indefesos, num tempo em que ainda ficara na memória a tomada de Jerusalém em 1090 pelo cristãos, tão sangrenta que se dizia que nalguns pontos o sangue corria e chegava aos joelhos.

A fundação da Ordem de Évora-1175

  • Enquanto portugueses e leoneses se preocupam, nesta altura em tarefas defensivas de consolidação do território, com a entrega de forais e consequente fixação das populações em zonas estratégicas os almóadas promovem acções ofensivas agressivas no sentido de recuperar algum do que fora o seu território.
    • Reconstruem Badajoz e retomam os castelo que Geraldo Geraldes (seria mais tarde condenado à morte em Marrocos) havia conquistado nomeadamente Beja, a praça mais importante e que ele havia abandonado em 1172.
    • Beja foi então retomada pelos almóadas conseguindo terminar essa reconstrução em 28 de Dezembro de 1174.
    • Esse avanço naturalmente preocupa a cora portuguesa que decide nesse mesmo ano criar a Ordem de Évora, entregando seu comando ao governador militar de Lisboa e da Estremadura, Gonçalo Viegas de Lanhoso, cuja principal tarefa, naturalmente, se destinava prioritariamente à defesa de Évora. Esta nomeação ocorreu entre 1175 e Abril de 1176, quando recebem por doação o castelo de Coruche.
    • Provavelmente esta ordem recebia o apoio espiritual da ordem de Císter, vindo mais tarde a transferir a sua sede para Avis , recebendo então esse nome, filiando-se também na milícia de Calatrava, donde se reconhece serem originários os cavaleiros fundadores.

O casamento do herdeiro do trono

  • (D.Dulce de Aragão)
  • Tornava-se necessário para a continuidade da dinastia de Portugal, não esquecendo que o reconhecimento papal ainda não tinha acontecido, negociar o casamento do inequívoco herdeiro do trono, com a máxima segurança que uma aliança com o reino de Aragão preferenciava como aliás já estivera para acontecer quando da negociação do casamento da infanta Mafalda com o herdeiro do trono de Aragão, Afonso II e que a morte prematura da infanta havia liquidado.
  • A negociação do casamento terá decorrido entre os regentes de Aragão já que Raimundo Berenguer havia morrido e Afonso II apenas teria 14/15 anos.

    Sem dúvida que este casamento interessava aos dois pequenos reinos peninsulares com relações difíceis com os seus vizinhos poderosos e muito agressivos ao passo que a distância entre Portugal e Aragão afastava em muito qualquer colisão de interesses.


    Não existe praticamente documentação sobre D.Dulce, nem sobre a negociação do dote, sabe-se que o casamento terá decorrido em Coimbra no ano de 1174.


    Mais informação sobre o tema desta mensagem pode ser acompanhado do meu blogue sobre D.Sancho I

A co-regência com o infante D.Sancho


Alguns historiadores têm colocado a questão de considerar que após 1169 o verdadeiro rei, teria sido o príncipe Sancho, pois agravando a incapacidade física que a falhada tomada de Badajoz terá ocasionado, agravada pelo período de cativeiro à ordem do genro, também consideram alguns que D:Afonso Henriques terá sido atingido por um acidente vascular que o deixara totalmente incapacitado.

  • Mattoso rejeita essa tese, por não haver prova documental credível sobre essa mesma incapacidade, mas a activa intervenção do príncipe herdeiro assumem-no como co-regente na condução do reino, pelo menos no que ás intervenções militares diziam respeito.
  • Existem numerosos documentos onde se assinala essa "promoção" do infante Sancho, mas cite-se a titulo de exemplo a memória da transladação das relíquias de S.Vicente, redigidas pelo deão da Sé de Lisboa onde se diz "que a cerimónia se realizou no dia 15 de Setembro de 1173, do rei Afonso, aos 67 anos de vida, co-reinando Sancho,filho do mesmo rei, de 19 anos".
  • D.Sancho já havia sido armado cavaleiro no ano de 1170, mas só depois da cerimónia acima referida, começou a participar na guerra com algum destaque, permanecendo a duvida se o jovem príncipe teria tido a sua função iniciática numa nova tentativa de tomada de Badajoz, conduzida por Geraldo Geraldes no Outono de 1170.
  • Contudo a chefia militar do exército, evidente depois de 1173, haveria de se reflectir noutros feitos mais marcantes, como a duma grande expedição a Sevilha em 1178 e outra na fronteira leonesa em 1179.
  • A partilha de poder decorrente da promoção do infante têm destaque numao I

A formação da Ordem de Santiago

A ordem de Santiago foi fundada por Fernando II em 1170 em Cacéres, mas acabou por fixar a sua sede em Uclés em território de Castela

A sua introdução em Portugal está documentada em data próxima do ano de 1172, tendo desempenhado parte activa e de relevo no episódios que se iriam seguir na Reconquista.

  • A regra que seguiam era a de Santo Agostinho e muito embora a bula papal recomendasse o celibato, o certo é que ao contrário de Císter, os seus membros não eram obrigados aos voto de castidade, pois a sua carta fundadora pragmaticamente defendia ser melhor "casar do que viver consumindo-se pelas paixões ".
  • Só na pobreza e obediência, os seus votos se assemelhavam às outras ordens.
  • A tese do "negócio em pacote", entre Fernando II e o papa Alexandre III, é colocada como hipótese bem plausível por alguns historiadores, dado envolver na mesma época, a separação de Fernando II de Leão e de Urraca, filha de D.Afonso Henriques, a criação da bula de autorização para a criação desta ordem e a concessão do bispado a Ciudad Rodrigo.
  • Consubstanciava-se assim o poder do rei leonês, pronto para encetar de novo o movimento de Reconquista.
  • Curiosamente, ou talvez não logo em 1172, ainda a Ordem de Santiago não tinha sido confirmada pelo Papa, o que viria a acontecer somente em 1175 e já D.Afonso Henriques a reconhecia, doando lhe importantes possessões nomeadamente Almada, Alcácer e Palmela, que viria a tornar-se a sede da ordem.
  • Um foral dado aos habitantes de Monsanto em 1174, já depois do castelo ter sido retirado aos Templários que o haviam reconstruído como disse anteriormente em 1170 e concedido aos de Santiago, é um facto que vem salientar esta preferência súbita que a coroa portuguesa demonstrou, pela ordem hispânica de Santiago, criada por iniciativa do rei leonês.
  • Qual a razão ? A resposta, escapa-se ao meu entendimento, ficando apenas suposições, entre a estratégia de nos associar à força que se avizinhava forte na Reconquista, ou a continuação do esforço consolidação defensiva e povoamento, como se percebe nortear a concessão por essa altura de forais a muçulmanos livres de Lisboa e outras povoações ao sul do Tejo.
  • Os Cavaleiros de Santiago, chamados de Santiaguistas ou Espatários (por ser o seu símbolo uma espada em forma crucífera – ou uma cruz de forma espatária, dependendo do ponto de vista

Gualdim Pais e a estratégia defensiva

Datam de pelo menos 10 anos antes da derrota de Badajoz, as iniciativas de D.Afonso Henriques, no sentido de promover a defesa do reino, em especial no que a Lisboa e Santarém dizia respeito.

Deve destacar-se nessa altura o papel dos Templários e do seu mestre Gualdim Pais na edificação de fortificações e consequente consolidação defensiva do território português.

  • Gualdim Pais terá sido desde muito jovem, educado e feito cavaleiro pelo próprio rei. Oriundo dum família pertencente à nobreza minhota, natural de Priscos-Braga, terá logo a seguir à conquista de Lisboa com apenas 22 anos seguido para a Terra Santa, para combater pela Fé.
  • Muito jovem também voltou, pois já em 1156-57 se assinala a sua presença em Portugal, na doação que o Rei lhe faz, sendo já mestre Templário, de várias casas e herdades situadas em Sintra.
  • Em Fevereiro de 1159 fez-lhes doação do castelo de Ceres, como compensação dos direitos cedidos à Sé de Lisboa, dos rendimentos eclesiásticos que os Templários, haviam obtido por doação real quando da conquista de Santarém em 1147.
  • Esta troca de doações veio a propiciar não a reconstrução do castelo de Ceres, mas a edificação dum outro mais a sul, num local onde haverá de nascer a povoação de Tomar e que será o centro da ordem em Portugal.
  • Foram introduzidas pelos Templários, novas técnicas arquitectónicas, trazidas por certo da Terra Nova por Gualdim Pais, (exaustivamente estudado pelo prof.Mário Barroca), que terão de tal modo agradado a D.Afonso Henriques que em 30 de Novembro de 1165. assina nova carta de doação para dois novos castelo na fronteira leste do território, Idanha-a-Velha e Monsanto, cujos trabalhos só iniciaram por volta de 1170, data em que terá terminada a construção do castelo de Tomar.
  • Outros castelos se seguirão, sempre com a utilização das mesmas soluções técnicas, Almourol, Penarroias,Longroiva, Zêzere e Cardiga.
  • Esta política de consolidação defensiva, seria posta a prova em anos seguintes durante as violentas invasões almóadas.

 

Alterações no comando militar-1169

  • O desastre de Badajoz viria a provocar um verdadeiro terramoto, que se reflectiu no afastamento de Pêro Pais da Maia, sexto alferes-mor do Reino, que desempenhava o cargo havia mais de 20 anos, incompatibilizado com Afonso I de Portugal, que por certo o responsabilizara por algum aspecto do desenrolar da acção militar decorrida em Badajoz, ou algum acontecimento que poria em causa a sua lealdade.
  • O senhor da Maia passa ao reino de Leão, onde Fernando II lhe confia o mesmo cargo na sua corte, não passando a figurar entre os confirmantes dos diplomas régios, mesmo depois da morte de D.Afonso Henriques.
  • O cargo de alferes-mor do Reino, equivalente a um comandante operacional do exército, era de extrema importância, mais ainda numa altura em que se confirmava a incapacidade física de D.Afonso, que não poderia voltar a montar a cavalo.
  • Aliás a incapacidade física do Rei, aos 60 anos, era muito mais grave do que isso, pois nem sequer poderia voltar a andar e tinha de ser transportado ou em anda ou em colo de homens.

    A versão da incapacidade física do rei ser verdadeira, é a mais plausível, contudo, ficou sempre a pairar a ideia, por certo para minimizar a humilhação que o Rei deveria sentir, pela sua condição, que afinal se tratava duma habilidade, mais uma esperteza do nosso Rei, que havia prometido ao genro voltar à prisão, logo que pudesse voltar a montar a cavalo. Assim, a sua incapacidade física seria simulada, para não cumprir esses compromisso
  • Nesta circunstância a escolha recaiu sobre o seu filho mais velho embora ilegítimo Fernando Afonso, filho da sua ligação com Châmoa Gomes, antes do seu casamento com D.Mafalda.Curiosamente meio-irmão de Pêro Pais, filhos da mesma mãe
  • Fernando Afonso contava então 30 anos, enquanto Sancho o herdeiro da coroa, jovem adolescente contava apenas 15.

    Fernando Afonso foi pois nomeado alferes-mor do Reino em Setembro de 1169.Cargo que manteria durante cerca de 3 anos.

    Se bem que nesse período não tenha havido notícia de acontecimentos militares a sua presença no segundo lugar da monarquia portuguesa, viria a provocar, sabe-se hoje, atritos internos, nos jogo de interesses que se formaram em torno da sua figura enquanto sucessor de D.Afonso e de D.Sancho o jovem herdeiro "legal".

    Em volta de Fernando Afonso encontrava a nobreza minhota e as ordens militares internacionais, os Templários e os Hospitalários.
  • Ao lado de D.Sancho colocava-se a nobreza sulista e as ordens militares hispânicas de Santiago, Uclés e Évora.

    Será interessante observar como D.Afonso Henriques arbitrou e resolveu este conflito.

As consequência da derrota de Badajoz

  • As repercussões da vitória de Fernando II, sobre Afonso Henriques, foi de enorme satisfação no reino de Leão, tratava-se afinal duma vitória de grande prestígio, conseguida sobre um rei que somara até aí grandes vitórias.
    • Mesmo em termos de conquista territorial,o ganho foi enorme, tiveram que ser devolvidas todas as conquistas, que Geraldo Geraldo havia conseguido, situadas a leste do rio Guadiana, bem como as terras que D.Afonso havia conseguido em terras da Galiza, incluindo claro as que já tinha sido acordado devolver em 1165 e que não tinha feito.
    • Percebe-se que nesse tempo, os interesses duma coroa se sobrepunham aos da cristandade, doutra forma não teria sido possível o mundo cristão elogiar a vitória dum rei cristão sobre outro por aliança com os mouros.
    • Afonso Henriques nunca o fez, embora acusado por muitos "observadores" da época actual, de não olhar a meios para construir um Reino.
    • Aceito que a ideia da construção da Pátria, não fosse a questão central pelo menos em termos modernos do conceito de Pátria, naturalmente que a questão pessoal, da conquista de poder, do seu poder, era compatível com os desígnios principais da maioria das coroas reinantes.
    • O máximo de negociações efectuadas por D.Afonso com os mouros, foram as tréguas, usuais na época, que consistiam em pactos de não agressão.
    • Afonso Henriques esteve preso em poder do genro, quase 2 meses, voltado para Coimbra e depois para as termas de São Pedro do Sul, onde permaneceu em convalescença alguns meses.
    • Geraldo sem-Pavor, que também fora preso, foi libertado por entrega das praças que havia conquistado e que se mantinham em poder dos seus homens, pelo que em Março de 1170, já estava de novo em Juromenha, pensando provavelmente no dia em voltaria a tentar a conquista de Badajoz.
    • A Fernando II de nada valera o estratagema no que à posse de Badajoz, dizia respeito, pois passado o primeiro tempo em que foi reconhecido como o senhor de Badajoz, o certo é que passado pouco tempo, já os almóadas tomavam posse daquela guarnição.

Desastre de Badajoz

  • Não só Geraldo Geraldes sonhava conquistar Badajoz, também D.Afonso Henriques o desejava, isso prova-se não só pelo desenrolar da acção de ataque no dia 3 de Maio de 1169, como também em documentação produzida onde é colocada na boca do rei a manifestação do interesse pela conquista da fortíssima praça de Badajoz.

    Uma vez conquistadas as defesa próximas de Badajoz, parecia óbvio aquele objectivo, que demorou 2 anos a ser preparado, passando pela reparação das muralhas de Évora e a reunião da forças necessárias para o que se adivinhava ser um cerco demorado, já que o efeito surpresa dos ataques de Geraldo Geraldes, já não contava como tal.

    Num primeiro ataque Geraldo terá conseguido romper as muralhas exteriores, mas a guarnição muçulmana refugiou-se na alcáçova, enquanto D.Afonso Henrique se juntava ás forças de Geraldo, montando cerco.

    De Marrocos vieram reforços, que chegados a Sevilha, souberam que o rei Fernando II também havia marchado para Badajoz.

    Poderia ser uma boa notícia, saber-se que um rei cristão, se dirigia para Badajoz, onde o seu sogro, um rei cristão tentava conquistar uma praça muçulmana.

    Não era uma boa notícia.

    Os acordos de Sahagun que em 1158 tinha assinado com seu irmão, haviam estabelecido para o rei leonês os territórios do Alentejo e Algarve.

    A posse de Badajoz, como corolário das restantes conquistas alentejanas de Geraldo Geraldes, contrariavam o cumprimento desse acordo.
  • Precavido contra essa possibilidade havia um ano antes feito um pacto de defesa mutuo com os almóadas.

    Como diz Mattoso " o antagonismo religioso entre cristãos e muçulmanos não foi suficiente ... para impedir a sua aliança com o inimigo de sempre.

    Essa conjugação de forças foi fatal, para as nossa forças. Na debandada, quando o nosso rei tentava fugir a cavalo, chocou com o ferrolho de uma das portas da muralha exterior, partindo a perna direita.
  • Ainda tentou seguir até ao Caia, mas foi capturado pelos leoneses e aprisionado à ordem do genro Fernando II.

    Havia falhado a conquista de Badajoz e a "fisionomia" do seu reinado, iria mudar por completo.

Geraldo Geraldes conquista o Alentejo

Alexandre Herculano, tentou explicar as razões que levaram ao distanciamento, que D.Afonso Henriques pareceu votar as acções bélicas de Geraldo Geraldes, andando a reboque dos acontecimentos, em vez de os dirigir, comportamento que não condiz nada com o perfil do nosso primeiro rei.

Atribuía Herculano essa passividade ao retemperar de forças portuguesas, duma enorme derrota militar em 1161, na qual o próprio rei teria ficado bastante ferido e onde teriam morrido cerca de 6000 homens num ofensiva almóada conduzida por Abdul-Mumen da qual, teriam sido recuperadas pelos mouros Beja, Évora e Palmela.

Esta explicação, justificava o abandono da linha estratégia de acção seguido pelo rei, passando a ser conduzida por Geraldo Geraldes e o seu bando de malfeitores.

Não encontro em Mattoso, apoio para esta tese mas o certo é que entre 1162 e 1167, Geraldo consegue recuperar não só aquelas praças, como também Elvas , Juromenha, Moura, Serpa,Monsaráz e ao que parece ainda Mourão, Arronches, Crato, Marvão, Alvito e Barrancos, bem como dentro da zona leonesas Trujillo, Cacéres e Lobon.

Aparentemente, colhe melhor a tese do "eclipse"de D.Afonso Henriques, nesse 5 anos, se se aceitar a tese do exército dizimado e dos próprios ferimentos do Rei.

Romântico como sempre, Freitas do Amaral, acrescenta a este período de "pousio" real a ideia duma longa lua de mel, com Elvira Gualtar a sua terceira mulher de quem viria a ter 2 filhas a quem, com a imaginação habitual chamou Teresa Afonso e Urraca Afonso.

Quanto a Geraldo Geraldes, instalou-se após a saga alentejana em Juromenha, não apenas vivendo do rendimento que essas conquistas lhe haviam trazido, mas, congeminando por certo, na maneira de atacar Badajoz.


Mercenários conquistam Beja-1162

(torre de menagem do castelo de Beja)

Como nota de abertura , uma passagem duma entrevista de José Mattoso, por certo um dos maiores investigadores medievais e em especial da vida e acção do nosso caudilho (sic) D.Afonso Henriques. Diz ele à agência Lusa

"Santarém é conquistada pelo assalto por surpresa de um pequeno bando; em Lisboa, se não fossem os cruzados, não haveria conquista; Alcácer do Sal é assaltado várias vezes, entre elas por um pequeno grupo de cavaleiros vilãos que nem tinham armadura; Évora foi conquistada por Geraldo Sem Pavor com um grupo de 'latrones', isto é, por um bando de mercenários que agiam por conta própria ou se podiam pôr a serviço de quem os recrutasse; também foram eles que conquistaram Beja".

O fenómeno mercenário, não é pois uma invenção do século XX. Já acontecia 800 antes, grupos de pessoas oferecerem os seus préstimos por dinheiro ou outro tipo de benesses, sem qualquer intuito patriótico ou nacionalista, conceito aliás muito ténue em 1159.


Muito embora Mattoso não faça menção a uma tomada de Beja em 1159, alguns autores assinalam-na, considerando o dia 30 de Novembro de 1162, como a data da sua reconquista.


Pode realmente ter acontecido essa incursão em 1159, já que também era hábito, em certas ocasiões, que essas conquistas, não tivessem outro objectivo, que o de um mero saque, chegando por vezes os "conquistadores" a permanecer na cidade durante algum tempo, enquanto existirem víveres e nos campos em redor, depois despovoarem-na a arrasarem as muralhas, sem se preocuparem com as consequência militares da expedição.


Se assim aconteceu em 1162, tendo por ali permanecido durante cerca de 4 meses, porque não admitir que o mesmo tenha acontecido igualmente em 1159 ?

Geraldo Geraldes, teria sido anteriormente um cavaleiro-vilão de Santarém, antes de formar o seu próprio grupo mercenário, terá negociado com D.Afonso Henriques a posse de Évora, como veremos adiante, antes de vir a pôr-se ao serviço do emir de Marrocos.

Não foi contudo caso único na época, o "rei" de Valência Ibn Mardanish, chefia grupos cristãos atacando almóadas, enquanto pagava tributo a Castela pela sua liberdade de acção.

Fernão Castro mordomo de Fernando II abandonou a corte leonesa para viver algum tempo da guerra ao lado dos almóadas sevilhanos.

Novas quezílias com Fernando II de Leão

(Fernando II)

Estavam ainda muito longe de terminar os conflitos com o rei leonês, que o acordo de Celanova podia deixar antever.

No verão de 1162, aproveitando a morte de Ramon Berenger IV,Fernando II, conseguiu manobrar junto da viúva a Rainha Petronilha no sentido de ser anulado o acordo de casamento, que haviam feito com D.Afonso Henriques, para que o herdeiro, o futuro Afonso II de Aragão casasse com a infanta Mafalda de Portugal e lavá-lo a casar com uma irmã sua D.Sancha o que viria a acontecer.


Reacendendo-se uma revolta de cavaleiros em Salamanca, D.Afonso Henriques, talvez a convite dos revoltoso , entra na cidade , onde nos primeiros meses de 1163 veio a exercer actos de soberania (cf. José Mattoso em D.Afonso Henriques ).


Em todo o ano de 1165, a presença do rei português na Galiza, torna-se ainda mais agressiva, pois a partir do castelo de Cedofeita, atacava Pontevedra e Orense.

Fernando II uma vez acalmada de novo a situação em Castela, volta a encontrar-se com Afonso Henriques em Pontevedra, 5 anos depois do encontro de Celanova, selando-se um novo acordo de paz, desta vez em definitivo foi contratado o casamento de Fernando II, com Urraca Afonso filha do rei de Portugal.


O impedimento canónico que existia e que tornava esse matrimónio proibido, não foi respeitado, mas que viria mais tarde a resultar em dissolução, contudo casaram mesmo em Junho de 1665, vindo a nascer desse casamento o futuro rei Afonso IX de Leão.


Manteve contudo Afonso Henriques o domínio nos condados de Límia e Toroño a sua velha pretensão já que desde sempre considerava esses territórios herança pessoal de sua mãe.


Manteria-os até á próxima quezília que haveria de voltar a ter com o seu genro em 1169.

Acordo de Cellanova com Fernando II-(1160)

(Mosteiro de Celanova-Galiza)

Por razões que se prendiam com envolvimentos hostis com a coroa de Castela, também convinha a Fernando II de Leão, apaziguar as suas relações com o vizinho ocidental peninsular, atendendo ao acordo que Portugal havia consignado com o conde de Barcelona em Janeiro de 1160.

Assim no final desse mesmo ano, Fernando II consegue impor a D.Afonso Henriques um encontro no mosteiro beneditino de Celanova, na Galiza, pelo qual o nosso rei se comprometia a restituir-lhe a soberania da cidade de Tui e os respectivos territórios, promessa que aliás, não veio a cumprir.


Muito embora a documentação existente não seja concludente, terá sido igualmente acordado os limites da fronteira do Guadiana, ficando esboçado que Elvas se antevia viria a pertencer a Afonso Henriques e Badajoz a Fernando II, quando viessem a ser conquistadas.

Como "selagem" deste duplo compromisso político, os dois Reis firmaram acordo de contrato de casamento, através do qual, o Rei de Portugal concedia a mão da sua filha mais velha, D.Urraca, então com 12 anos, ao Rei de Leão e da Galiza.

Os dois acordo conseguidos em Tui e em Celanova pareciam assegurar alguma tranquilidade ao rei português, no que ás suas fronteiras do norte do País dizia respeito, podia deixar antever que a continuação do avanço para sul da península poderia vir a decorrer com mais facilidade.

Assim não virá a acontecer.


Os cinco reinos ibéricos

O casamento de D.Mafalda, com o filho do conde de Barcelona,não virá a concretizar-se (ver nota 42), mas o contrato estabelecido, tem grande significado político.

A divisão feita por Afonso VII, do seu reino, pelos seus 2 filhos, esbateu a ideia do Imperador e dos seus vassalos, afirmada por Afonso VI e assumida por Afonso VII.

Os cinco reinos que repartem entre si o espaço Ibérico, apesar do eixo principal ter desaparecido, permanecendo o equilibro entre si, sem nenhum deles conseguir supremacia sobre os outros.

Os cinco reinos protagonistas desse equilíbrio foram Portugal, Leão, Castela,Navarra e Aragão. Os conflitos que existiram entre eles foram bastas vezes compensados com alianças pontuais, o que viria a permitir o prolongamento desse equilíbrio.

A expressão concreta desses equilíbrios eram os casamentos reais e a abertura de portas para aceitação de D.Afonso Henriques, como parceiro de pleno direito nesse mercado matrimonial foi iniciado pelo acordo matrimonial anteriormente referido.

A importância dos casamentos reais , e das respectivas linhagens dos nubentes, tinha extremo significado nesse tempo. Criticava-se D.Afonso Henriques por ter casado com D.Mafalda abaixo da sua condição real, por ela ser apenas filha de conde e não ser "digna" do rei de Portugal.

O acordo nupcial com o filho do Conde de Barcelona, viria "rectificar" de certo modo, essa questão.

Realmente o conde de Barcelona , nunca quisera assumir o título de Rei, muito embora a sua importância, nas relações quer com D.Afonso VII, quer com os Reis de Navarra, fosse a maior. Mesmo que assim não fosse o seu casamento com Petronilha de Aragão herdeira da coroa, atribuía a seu filho a descendência real, quanto mais não fosse por via materna.

Novos conflitos entre Leão, Castela e Portugal

No dia 31 de Agosto de 1158, morre inesperadamente em Toledo o rei Sancho III de Castela.

Entretanto logo em Setembro desse ano, D.Afonso Henrique entra à frente dos seus exércitos em territórios de Toroño. Desconhece-se objectivamente a razão imediata do ataque do rei de Portugal, mas não pode afastar-se a ideia de que tivesse conhecimento do acordo de Sahagún, assinado em Maio desse mesmo ano pelos dois irmãos e quisesse aproveitar as dificuldades anteriormente referidas, por Fernando III face ás suas revoltas urbanas na Galiza.

As hostilidades foram curtas pois Afonso Henriques encontra-se com Fernando II em Cabrera, no dia 14 de Novembro de 1158, estabelecendo entre eles um acordo de tréguas, pois o rei de Leão precisava de oportunidade para resolver os seus problemas internos, além de se ter envolvido no problema de sucessão de seu irmão, muito embora contrariando o disposto nos acordos de Sahagún, visto existir um herdeiro legítimo de Sancho III, ( embora com apenas 3 anos de idade), filho do seu casamento com Branca de Navarra ,o futuro Afonso VIII.

Para além da continuação dos ataques de Fernando II a Castela infrutíferos nos seus objectivos, atendendo à resistência castelhana, D.Afonso Henriques manteve-se dominando no território de Tui, como viria acontecer até 1165.

A estratégia de ataque de D.Afonso Henriques mais uma vez havia resultado, muito embora beneficiando da morte de Sancho III, com 23 anos e que terá "transferido" uma coligação agressiva contra Portugal, para um conflito entre ambos.

A 30 de Janeiro de 1160, Afonso Henriques recebe em Santa Maria del Palo, perto de Tui, o conde de Barcelona, Raimundo Berenguer IV com quem negociou o casamento de sua filha, a infanta Mafalda, nessa altura com 6 ou 7 anos, com o filho desse conde e de sua mulher Petronilha, herdeira do trono de Aragão, na altura com apenas 3 anos.

A importância deste encontro encontro, foi definitiva na consolidação na historiografia peninsular do conceito dos 5 reinos que perdurou durante séculos em Espanha, como indiscutível.

Acordo de Sahagún em Maio de 1158

As relações entre Portugal e os reinos de Leão e Castela, vão iniciar um novo ciclo de tensões, que irão ter algumas repercussões.

A morte de Afonso VII aconteceu em Fresneda no dia 21 de Agosto de 1157.

Dois anos antes ele tinha decidido dividir em testamento o seu reino pelos dois filhos, deixando Castela ao mais velho Sancho III e Leão ao mais novo Fernando II, muito embora a descendência destes ainda não estivesse assegurada, pois já com 20 anos mantinha-se solteiro e Sancho um jovem filho, o futuro Afonso VIII, apenas com 2 anos.

Era pois este o quadro sucessório, quando da morte de Afonso VII.

Nos primeiros tempos Sancho III consolida o seu domínio, confirmando os compromissos com os seus vassalos, Sancho VI de Navarra, o emir de Valência e o seu aliado Berenguer IV de Barcelona, garantindo a paz para leste do seu reino.

Fernando II, também rei da Galiza, parte integrante de Leão, já teve que enfrentar algumas revoltas populares em várias cidades.

Sancho III aproveitou-se da situação e invadiu algumas terras do reino de seu irmão, mas o conflito, vira a ser sanado, através de um acordo assinado pelos dois irmãos em Sahagún no dia 23 de Maio de 1158 que consistiu nos seguintes pontos:

  • Manutenção do traçado fronteiriço estabelecido por Afonso VII
  • Os reinos seriam transmitidos aos herdeiros do rei seu irmão, caso algum deles morresse sem descendência
  • Ajuda mutua militar se algum dos reinos fosse atacado
  • Repartir entre si o reino de Portugal, se o pudessem reaver 
  • Considerar direito exclusivo dos dois reinos, território muçulmano a conquistar, definindo as áreas reservada a cada um deles, excluindo Portugal de qualquer direito de conquista, opondo-se ao alargamento de Portugal á custa do território muçulmano. 

Muito embora não pareça ter havido nenhuma acção armada contra Portugal no imediato, não podia D.Afonso Henriques ao ter conhecimento de agressivo acordo aos seus interesses, manter-se indiferente.

 

Publicada por Luís Maia

 

 

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