Viriato (? – 139 a.C.) foi um dos líderes da tribo lusitana que confrontou os
Etimologia
Várias teorias são consideradas quando se refere à etimologia
do nome de Viriato.[1] O nome pode ser composto de dois elementos:
Viri e Athus.
Viri pode derivar:
- Da raiz Indo-Europeia *uiros, "homem", relacionada com força
- e virilidade;
- Do Celta *uiro- 'homem'; e das formas mais antigas vírus, viri,
- viro, viron das quais deriva a antiga palavra para homem em
- Irlandês Antigo , fir;[2]
- De *uei-, como em viriae ou a "bracelete torneada" Celtibera
- usada pelos guerreiros (Pliny XXIII, 39);[3]
- Do Latin viri que significa homem, herói, pessoa de coragem,
- honra e nobreza;
- A elite celtiberica autodenominava-se de uiros ueramos o
- 'homem mais alto' (alteza) o equivalente em latim seria
- summus vir.[4]
“ Enquanto ele comandava ele foi mais amado
do que alguma vez alguém foi antes dele.
- Diodoro da Sicília
” A vida de Viriato
Pouco se conhece sobre a vida de Viriato. Não se sabe a data nem o local exacto onde nasceu e a única referência à localização da sua tribo nativa foi feita pelo historiador grego Diodoro da Sicília que afirma que ele era das tribos Lusitanas que habitavam do lado do oceano. Viriato pertencia à classe dos guerreiros, a ocupação da elíte, a minoria governante. Ele era conhecido entre os romanos como dux do exercito Lusitano, como adsertor (protector) da Hispania,[5] ou como imperator[6], provavelmente da confederação das tribos Lusitanas e Celtiberas.[7]
Outros estudos indicam que a teoria de que
Viriato era um pastor não é a mais correcta.[8]
Segundo Pastor Muñoz, Viriato seria um
aristocrata proprietário de cabeças de gado.[9]
Tito Lívio descreve-o como um pastor que se
tornou caçador e depois soldado, dessa forma
teria seguido o percurso da maioria dos jovens
guerreiros, a iuventos, que se dedicavam a
fazer incursões para capturar gado, à caça e
à guerra.[10] Na tradição romana os
antepassados mais ilustres eram pastores, e
Viriato é comparado àquele que teria sido o
pastor mais ilustre que se tornou no rei de
Roma, Rómulo.[11] A ideologia do rei-pastor,
o pastor que se tornou rei, está presente na tradição de várias culturas
para além da grega e da romana.[12][13] A metáfora do rei- pastor
de Homero era frequentemente usada para dar ênfase às funções e
deveres de um rei.[14] Havia quem pensasse que Viriato tinha uma origem
obscura[15] no entanto Diodoro da Sicília também diz que Viriato "demonstrou
ser um príncipe".[16]
Os Lusitanos homenageavam Viriato com os títulos de Benfeitor, (Grego:
evergetes),[17] e Salvador, (Grego: soter),[18] os mesmos títulos honoríficos
usados pelos reis da dinastia ptolemaica.
Ele foi descrito como um homem que seguia os princípios da honestidade e trato
justo e foi reconhecido por ser exacto e fiel à sua palavra nos tratados e
alianças que fez.[16] Diodoro disse que a opinião geral era de que ele tinha
sido o mais amado de todos os líderes lusitanos.[16]
Viriato era, segundo a teoria avançada por Schulten, oriundo dos altos
Montes Hermínios, actual Serra da Estrela, embora nenhum autor da antiguidade
o tenha mencionado.[19]
A guerra de Viriato
Viriato descrito como sendo um pastor e caçador da Lusitânia foi eleito
chefe dos lusitanos. Depois de defender vitoriosamente as suas montanhas,
Viriato lançou-se decididamente numa guerra ofensiva. Entra triunfante na
Hispânia Citerior, divisão romana da Península Ibérica em duas províncias,
Citerior e Ulterior, separadas por uma linha perpendicular ao rio Ebro e que
passava pelo saltus Castulonensis (a actual Serra Morena, em Espanha), e lança
contribuições sobre as cidades que reconhecem o governo de Roma. Dois tipos
de guerra foram atribuídos a Viriato, bellum, quando ele usava um exercito
regular, e latrocinium, quando os combates envolviam pequenos grupos de
guerreiros e o uso de tácticas de guerrilha.[20] Para muitos autores, Viriato é
visto como o modelo do guerrilheiro.
Em 147 a.C. opõe-se à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio que os teria cercado
no vale de Betis, na Turdetânia. Mais tarde derrotaria os romanos no desfiladeiro
de Ronda, que separa a planície de Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia,
onde viria a matar o próprio Vetílio. Mais tarde, nova vitória contra as forças de
Caio Pláucio, tomando Segóbriga e as forças de Cláudio Unimano que, em 146 a.C.,
era o governador da Hispânia Citerior. No ano seguinte as tropas de Viriato voltam
a derrotar os romanos comandados por Caio Nígidio.
Ainda nesse ano, Fábio Máximo, irmão de Cipião o Africano, é nomeado cônsul da
Hispânia Citerior e encarregado da campanha contra Viriato sendo-lhe, para isso,
fornecidas duas legiões. Após algumas derrotas, Viriato consegue recuperar e, em
143 a.C. volta a derrotar os romanos, empurrando-os para Córdova. Ao mesmo
tempo, as tropas celtibéricas revoltavam-se contra os romanos iniciando uma luta
que só terminaria por volta de 133 a.C. com a queda de Numância.
Em 140 a.C. Viriato inflige uma derrota decisiva a Fábio Máximo Servilliano, novo
cônsul, quando morreram em combate cerca de 3000 romanos. Servilliano consegue
manter a vida oferecendo promessas e garantias da autonomia dos lusitanos e
Viriato decide não o matar. Ao chegar a Roma a notícia desse tratado, este foi
considerado humilhante para a imponência romana e o Senado volta atrás, declarando
guerra contra os lusitanos.
Assim, Roma envia novo general, Servílio Cipião, que tinha o apoio das tropas
de Popílio Lenas. Este renova os combates com Viriato, mas este mantém
superioridade militar e força-o a pedir uma nova paz. Envia, neste processo,
três comissários de sua confiança, Audas, Ditalco e Minuros. Cipião recorreu ao
suborno dos companheiros de Viriato, que assassinaram o grande chefe enquanto
dormia. Um desfecho trágico para Viriato e os lusitanos, e vergonhoso para Roma,
superpotência da época, e que se intitulava arauto da civilização.
Depois de Viriato morrer, Sertório tornou-se líder do exército lusitano até ser
capturado.
Sem a forte resistência de Viriato, Decius Junius Brutus pôde marchar para o
nordeste da península, atravessando o rio Douro subjugando a Galiza. Júlio César
ainda governou o território (agora Galécia) durante algum tempo.
Viriato de Sílio Itálico
Foi argumentado que Sílio Itálico, no seu poema épico intitulado Púnica,[21]
menciona um Viriato mais antigo que teria sido contemporâneo de Anibal.[22]
Ele foi chamado de primo Viriathus in aeuo, e foi um líder dos Gallaeci e dos
Lusitanos. O Viriato histórico, seria o que recebeu o título de
regnator Hiberae magnanimus terrae, o mais magnânimo dos
reis da terra Ibérica.[23]
Roma chega a pactuar com Viriato, quase reconhecendo como soberano,
porém à traição, compactuou com três de seus aliados para que o assassinassem.
Anos antes, o general romano Sérgio Galba quase dizima os lusitanos, e Viriato
foi um dos que escaparam. O historiador Estrabão assim definiu a Lusitânia:
"A mais poderosa das nações da península ibérica, a que, entre todas, por
mais tempo deteve as armas romanas". Todavia, tão pouco podiam os Romanos
contar com a submissão dos povos da Península Ibérica que se viram forçados
a manter o país em rigorosa ocupação militar, e de aí provieram os primeiros
exércitos permanentes de Roma. Quarenta mil homens se mantiveram na península
ibérica em permanente guarda.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viriato