Os Mistérios do Fogo

Os Mistérios do Fogo...


"Estudar é polir a pedra preciosa;
cultivando o espírito purificamo-lo".
Confúcio

Os elementos são de natureza transcendente


O fogo, através de milênios, tem fascinado o ser humano, tanto é assim que nas civilizações primitivas ele era sagrado, talvez por ser temido como agente de destruição sob forma de raios e vulcões. O poder destrutivo do raio fazia com que o homem primitivo o respeitasse e em muitos mitos os chefes tribais, e mesmo reis de nações mais recentes, atribuíam a eles próprios algum titulo relacionado com o fogo ou com o raio.

Por seu turno a ciência desde a mais longa antigüidade vem estudando o fogo e na verdade só há cerca de três décadas ela pode entender alguma coisa do que na realidade é chama, atribuindo lhe o quarto estado da matéria e ao qual denominou de plasma. Assim a ciência atual aceita 4 estados físicos da matéria: sólido, líquido, gasoso e plasma ( sendo este representado pela chama )[1].

Já, desde a mais remota antigüidade, o fogo era considerado uma forma especial de matéria mas a realidade é o inverso, a matéria é que é uma das formas do fogo.


Já, desde a mais remota antigüidade, o fogo era considerado uma forma especial de matéria mas a realidade é o inverso, a matéria é que é uma das formas do fogo.

Os místicos, quanto à natureza física do mundo material, consideram a terra, a água e o ar, como sendo formas do próprio fogo, por isso os Rosacruzes e outros estudiosos falam dos gênios dos fogo, seres imateriais que habitam o fogo e que têm o nome de salamandra, assim como o de andinas os gênios do elemento a água, de silfos os gênios do elemento ar e de gnomos os do elemento terra[2].

Por outro lado as ciências esotéricas têm estudado o fogo, descoberto qualidades e manifestações insuspeitas do elemento fogo a um ponto tal que afirmam: "É a reflexão mais perfeita e não adulterada, tanto no céu quanto na terra, da chama UNA".

Em quase todos as religiões do passado, e até mesmo do presente, nos templos e especialmente nos ritos de alguma forma o fogo está presente. No ritual católico tem-se a chama das velas e mesmo fora das atividades ritualísticas quando há hóstias consagradas no sacrário há sempre uma lamparina a óleo acesa.

Muito dos Mestres Rosacruzes e assim também os Filósofos Herméticos consideram o fogo símbolo da Divindade. Dizem eles: a água ( elemento líquido ) purifica, o sal ( elemento terra ) conserva, e o fogo transforma. No Cristianismo, tendo por base a Cabala, isto está explícito em quatro letras que se vê na cruz de Cristo ( INRI ) Igne Natura Renovatur Integrum = Pelo fogo toda a natureza se renova pelo fogo.

Em uma palestra anterior falamos dos GÊNIOS DA NATUREZA e podemos dizer que o Fogo é um deles. Gênios são forças, que algumas pessoas menos versadas consideram espíritos, mas o gênio difere do espírito porque aqueles não têm intelecto, isto é, os gênios não têm consciência do eu sou. Na realidade os gênios são manifestações de Deus na natureza, mas que não têm individualidade definida. Há doutrinas que chegam a atribuir aos gênios uma forma definida de individualidades. São os elementais da natureza[3].

Os gênios, como manifestações da natureza não têm discernimento do mal e do bem. Todas as manifestações da natureza provieram de Deus, assim sendo a rigor não se pode falar de manifestação negativa ou positiva. Na realidade não se pode classificar seja lá o que for de mau ou de bom no universo. O que pode parecer bom numa situação pode ser mau numa outra e vice-versa. Isto já mostramos com mais detalhes na palestra o Enigma do Mal e do Bem.

Os gênios são aspectos das leis da natureza, do poder de Deus apenas, por isto não têm vontade própria, não têm querer independente pois o querer de um gênio é assumido a partir de quem o invoca, daquele que o conduz ou manipula. Eles agem simplesmente como leis da natureza ligadas aos elementos. De uma forma muito vaga poderíamos dizer que um gênio é como se fosse o espírito de uma lei da natureza.
Num certo sentido, gênio é a obediência de Deus ao querer do homem, que é o próprio querer Cósmico.
Um gênio não opõe resistência alguma a um comando, é como uma lei natural que se cumpre. O fogo não indaga das razoes de uma pessoa que provoca um incêndio, não avalia se a sua presença visa aquecer contra o frio, ou preparar um alimento ou incendiar uma cidade. Desde que as condições sejam estabelecidas o fogo se faz presente. Ele não está nem no palito de fósforos e nem na caixa, o atrito estabelece as condições e então ele se faz presente.

Diz Jan Van Rijckenborgh: " Um gênio é uma entidade revestida de um novo poder criar. Trata-se da extraordinária força de natureza especial com a qual o Mago pode trabalhar".

No Nutcameron, a Décima Primeira Hora diz: "As asas dos Gênios movimentam-se com misterioso rumorejar".

Pelas razões expostas, o fogo pode ser negativo ou positivo, tanto é assim que falam do fogo do inferno, mas também da Chama Sagrada, a CHAMA UMA[4] como sendo o próprio DEUS

O Espirito Santo da Igreja Católica se manifestou aos apóstolos como línguas de fogo. Também está escrito na Bíblia que após Adão haver sido expulso do paraíso Deus colocou um Anjo portando uma espada de fogo guardando a entrada do Jardim do Edem. Foi com uma Espada de Fogo dizem que Adão foi expulso do paraíso. Na realidade isto é simbólico e a espada flamígera, símbolo de algumas sociedades secretas, representa o raio da Árvore da Vida.

Diz a antropologia que o mais importante passo evolutivo do homem primitivo foi a descoberta do fogo, foi a partir do momento em que ele começou a fazer uso do fogo, então chegado à terra sob a forma de raio, que as tribos começaram a progredir um tanto.

Tanto da Grécia antiga quanto na Polinésia os povos diziam ser o fogo uma propriedade dos Deuses e que um dia ele foi roubado pelos humanos. .

Na Idade Média o fogo era tido como elemento purificador, razão pela qual as bruxas eram queimadas para que a sua alma fosse purificada. Diziam que com a cremação terminariam todas as maldições. Dizia-se que no processo de cremação o fogo destruía o mal eliminando qualquer traço de corporeidade em bruxas e outros seres demoníacos anulando as máculas do pecado[5].

Na antiga Pérsia Zaratusta considerava o fogo um elemento sagrado. Lá existia um método de exorcismo denominado Maqlu e Shurpu que são formulas mágicas para neutralizar atos de magia negra através do fogo.

O sentido de Gênio para o fogo já era conhecido dos nativos que tratavam-no como um ser sobrenatural mas também em Roma onde existia uma festa pastoril denominado Parilia que era realizada no dia 21 de abril e que culminava com um salto sobre o fogo purificador que era ateado sobre o feno.

Na Índia existem algumas seitas que adoram o fogo e rituais que consiste em caminhar sobre brasas. Até mesmo no Nordeste do Brasil há uma tradição concernente a caminhar sobre brasas da fogueira de São João. Isto é muito comum e o que é interessante é que as pessoas não se queimam.


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Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.
email: thot@hotlink.com.br



Notas:

[1] - Tudo no mundo orgânico, em sua forma mais simples, se manifesta como quatro. ( mistérios do Quatro )

[2] - Por serem gênios ligados aos elementos da natureza eles recebem o nome genérico de elementais.

[3] - Na Caldéia acreditava-se na existência de seres espirituais, intermediários entre Deus e o homem e que conduzia a pessoa durante toda a sua vida. Diziam existir dois gênios comandando a vida terrena de cada pessoa, um mau e outro bom. Esta maneira de pensar influenciou muitos povos e chegou até Roma. passando então a constar da Mitologia Romana. Tratava-se de um tipo de entidade sobrenatural que era concedida ao homem como espirito protetor pessoal, correspondente ao anjo da guarda. e acompanhava a pessoa desde o nascimento até a morte . Em Roma erigiam-se altares aos gênios, deuses da casa. em Roma, onde admitia-se que as casas e as cidades tinham os seus próprios gênios, dos dois lados. Na Grécia gênio era sinônimo de demônios.

[4] - Em palestra futura falaremos sobre a CHAMA UNA que envolve um conteúdo místico bem elevado razão pela qual se faz necessário o discípulo primeiro ter alguns conhecimentos prévios para que possa entender e especialmente sentir o seu significado

[5] - Princípio no qual se baseia a idéia do purgatório introduzido na doutrina católica por Thomaz de Aquino.

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