Serra da Arrábida

Mistérios da Serra da Arrábida

Recordo-me de ter ouvido em tempos uma história verídica sobre um grupo de escuteiros
da região de Setúbal que tiveram uma experiência insólita no interior da Serra da Arrábida
 onde penetraram através duma gruta que supostamente seria a conhecida 'Gruta do Abade'
 e caminharam por um túnel de vários kilómetros que, segundo se diz, atravessa a
Serra-Mãe (assim a chamava Sebastião da Gama), dum lado ao outro. Só que, a meio
do caminho, teriam encontrado algo muito estranho e fabuloso que os levou a manter
 segredo durante muito tempo daquilo que viram.
Com base no que conheço de vários outros episódios estranhos passados na Serra da
Arrábida, e pretendendo escrever algo sobre o assunto, resolvi tentar saber junto do
 Corpo de Escutismo de Setúbal algo documentado sobre a história, ao que me disseram
que nada possuiam em virtude de terem perdido imensos documentos aquando duma
cheia na cidade há vários anos atrás, tendo ficado apenas esses relatos na memória dos
mais antigos que teriam falado pouco do caso que no entanto foi passando e sendo conhecido vagamente.
Assim, indicaram-me então o escuteiro 'Nix' da zona de Azeitão onde me dirigi e estive
 falando com ele sobre o assunto, pois que segundo me disseram era o único mais antigo
que poderia saber alguma coisa sobre o caso. Na verdade ele o confirmou por ter sabido
 também de outros escuteiros mais velhos que contaram essa história passada no interior
 da Serra da Arrábida no túnel onde o grupo de aventureiros pretendia atravessar.
Conta-se, pois, que a dada altura eles teriam visto uma claridade ao fundo do túnel por
onde caminharam muito tempo e pensando que era já o outro lado da serra, não era
senão um espaço enorme subterrâneo com várias construções que pareciam ser duma
 cidade antiga abandonada e a luz ambiente vinha das próprias rochas que formavam
as paredes da enorme gruta.
A história só teria sido conhecida após muitos anos dessa experiência, pois os escuteiros
mantiveram o segredo por motivos óbvios para salvaguardar talvez o local de invasores ou ‘profanadores’que o tomariam decerto com fins menos próprios, e quiçá muita coisa
destruiriam como de resto se passou com algumas grutas ou mesmo ‘respiradouros’ de
passagens subterrâneas que foram descobertos nas pedreiras de Sesimbra, e foram
desfeitos com cargas de dinamite antes que alguém da Arqueologia soubesse e a pedreira
fosse encerrada ou proibida de avançar na extracção do granito ou calcário. Mas isto é
 a minha suposição pessoal, claro!
Doutro modo conheço o que se passa por exemplo quando fazem rebentamentos na
Pedreira e se repercute debaixo de solo até à Qtª de El Carmen a vários kilómetros de
distância, no lado Poente da Serra da Arrábida, onde não se consegue abrir um poço por
 causa disso e as paredes exteriores da capela (pertencente ao edifício residencial antigo
ali existente) racham por acção das ondas que se propagam debaixo do chão e estremecem
 as construções na zona devido à existência de vários túneis a certa profundidade.
Enfim, na conversa havida com o tal escuteiro 'Nix', vários casos de fenómenos estranhos
ele me contou também, sendo um deles quando estava na Serra com um grupo de escuteiros
 numa noite a ver a chuva de meteoritos anunciada há uns anos atrás nos órgãos de
 comunicação social, e ele viu uma bola luminosa ou pequena esfera (tipo "foo-figthers"
que eram relatadas pelos pilotos durante a 2ª Guerra Mundial) vir na sua direcção tendo
 batido nas rochas junto a si e saltitado várias vezes como se fosse uma bola de ping-pong
durante cerca de 15 segundos e desapareceu de sua vista. Ele atribuiu isso ao facto da
 Serra ser uma zona fortemente magnética e teria atraido algo que não seria um meteorito
 mas outra coisa qualquer que não soube explicar.
A verdade é que também já foi observado sobre o mar, frente à Serra, 3 circulos luminosos testemunhados pelo próprio guarda do Convento da Arrábida (sr. Quirino) e por um grupo
de 10 pessoas na praia do Creiro (entre Galapos e Portinho da Arrábida), onde se encontrava
 a conhecida escritora Gilda Moura, autora do livro "Extase - O Rio Subterrâneo". Todos viram
 os "circulos" surgidos do mar, como se viessem do fundo do oceano, e desapareceram no céu
 entre as nuvens. Do mesmo modo, foi observado em tempos um OVNI que apareceu no
Rio Sado, frente ao antigo Parque de Campismo, onde um homem mais o amigo viram um
objecto luminoso muito próximo que não emitia ruido algum, apenas um zumbido
(como é caracteristico) tendo mergulhado depois e desaparecido na água.
O facto é que precisamente naquela zona as bússolas deixam de funcionar como se
 houvesse um campo magnético a interferir que também interfere nas transmissões
de rádio. O meu pai que foi contra-mestre da Marinha Mercante durante muitos anos
me confirmou isso, pois ali só se poderiam orientar pelos faróis da barra durante a noite
e pelas bóias de sinalização durante o dia. É curioso também haver no alto da Serra
da Arrábida 3 cruzes em pedra no sítio onde as nuvens de trovoadas se afastam umas
 das outras como se uma força interna as forçasse a isso... É sabido também que o
Convento está localizado sobre um triângulo magnético na serra com o vértice voltado
 para baixo conferindo ao local uma poderosa energia que transmite paz e sensação
de bem-estar a qualquer pessoa que ali esteja!
Mas não saindo do assunto inicial, que tem a ver com a história da 'gruta do Abade',
eu perguntaria quem teria escavado aquele túnel de vários kilómetros de comprimento
(sete pelo que se sabe) e outros mais que bifurcam uns nos outros, com respiradouros
para a superfície? E que construções estranhas eram aquelas desconhecidas que teriam
sido habitadas em tempos e por quem? Mais estranho ainda é o facto de se dizer que
a Serra de Sintra e Arrábida estão ligadas uma à outra fisicamente a vários kilómetros
de profundidade, passando muito abaixo do Rio Tejo, sendo ambas 'ôcas' por dentro
como se sabe.
Já agora, que dizer do misterioso desaparecimento do jovem João Tiago (escuteiro
caminheiro) que foi visto pela última vez na zona do Portinho da Arrábida e até hoje
não apareceu, nem o cadáver, nem a bicicleta que levava com ele? Lembro que participaram
 na busca centenas de pessoas (Bombeiros, GNR, Escuteiros e populares) que
procuraram por toda a serra o jovem que nunca chegou a aparecer.
Outros mistérios ocultam a Serra que o próprio Frei Agostinho da Cruz escolheu para
 terminar seus dias como o poeta da Arrábida que um dia escreveu:

Alta Serra deserta, donde vejo
As águas do Oceano de uma banda,
E de outra, já salgadas, as do Tejo.

Aquela saudade, que me manda
Lágrimas derramar em toda a parte,
Que fará nesta, saudosa e branda?

Daqui mais saudoso o Sol se parte;
Daqui muito mais claro, mais dourado,
Pelos montes, nascendo, se reparte...

Rui Palmela

 

 

A GRUTA DA LAPA DE STª MARGARIDA

 

     Situada no sopé da Serra da Arrábida, junto ao mar, aonde se chega por barco ou por terra por um caminho construido por um ermitão da Santa, descendo-se cerca de 200 degraus de pedra até ao local, a gruta da Lapa de Stª Margarida é um lugar muito visitado ainda hoje,  onde se encontra uma capela em estado degradado construida ali no século XVII.  Nela existiam 3 imagens (de Nª Srª da Conceição, Stº António e Stª Margarida) nos nichos que se vêm na figura acima mas que desapareceram com o tempo, roubadas ou destruidas por pessoas que não respeitam estes locais de culto.

    Neste lugar faziam-se muitas peregrinações nos séculos passados, principalmente os sírios dos Pescadores vindos nos seus barcos engalanados de todo o lado, e o ambiente tornava-se festivo mas de  autêntico Recolhimento Espiritual, onde as pessoas  oravam e cantavam unidas pelo mesmo sentimento de fé  independentemente da sua convicção pessoal. Hoje não é mais assim e o local até se encontra um tanto desprezado.

    A gruta mede cerca de 22 metros de comprimento (o números de Anciãos ou Sábios) mas como se liga em algumas partes com outras mais pequenas, mede na totalidade 40 metros  (número aludido na Bíblia várias vezes como marco de vários acontecimentos  - exe: os 40 dias e 40 noites de chuvas no Dilúvio, os 40 dias que Moisés passou no Monte Sinai, os 40 dias que Jesus passou no deserto, etc.),  e pode conter até 400 ou 500 pessoas que no acto litúrgico no passado em louvor à Santa ali venerada, em Missa Cantada, com archotes na mão, dava ao tecto (de estalactites) efeitos surpreendentes que impressionavam a nossa visão.  Nesta gruta brotava também duma fonte, a mais bela e fina água que entretanto deixou de correr por razões que talvez tenham a ver com obstruções de rochas ou galhos secos no percurso da água pela Serra. 

 

     No silêncio da gruta, ouvem-se as ondas do mar batendo nas rochas à sua entrada, tornando-a num local maravilhoso, misterioso, quase mágico em seu seu interior, perturbado apenas por vezes com o piar persistente de gaivotas que por ali existem, sentindo-se naquele espaço uma estranha  mas boa vibração. (Clicar na imagem acima para viver um pouco esses momentos que ali captei com minha câmara para cimentar a minha dissertação).

    A verdade é que pouco se sabe porque é que se chama ao local de "Lapa de Stª Margarida" e mais ainda desconhecendo-se qual das 3 Santas corresponde com o mesmo nome, de épocas e nacionalidades diferentes (ver aqui),  pois que a gruta era mais visitada pelos Pescadores que ali veneravam a Nª Srª da Salvação ou da Galé como ficou sendo conhecida nas horas de aflição. Aliás existe até uma lenda que conta que um grupo de pescadores foi perseguido no mar, atacados por um navio corsário, ou piratas sarracenos, que entretanto ficaram encalhados próximo da Lapa onde os perseguidos se salvaram todos. Como tinham invocado a imagem de Nª Srª do Menino Jesus que se encontrava na Gruta, foi então que em memória disso fizeram um barco e colocaram na mão, ficando assim conhecida por  "Nª Srª da  Galé" ou da Salvação. Curiosamente, esta imagem está esculpida também numa parede dos jardins do Convento dos Capuchos na Caparica. (Ver aqui)

     Defronte da lapa, existe um Penedo sobre o qual D.Álvaro de Lencastre (Duque de Aveiro) passava horas nas suas pescarias, ficando assim conhecido como o Penedo do Duque. Esse Penedo, prende-se também a uma lenda do povo que dizia que ali apareciam "monstros marinhos" que apavoravam as pessoas, tradição esta igual à da orla marítima de Sintra onde a voz popular jurava que ali apareciam criaturas marinhas com metade do corpo humano e outra metade com caudas de peixes, cujas narrativas Damião de Góis recolheu e incluiu na sua obra de 1554 Urbis Olisioponis.

 

     

     E pronto,  fica aqui mais uma pequena contribuição para a divulgação de coisas de Seth-Ubal e seus mistérios como cidade cheia de história no país que se chama  Porto-Graal,  faltando este cumprir-se de novo (como dizia Fernando Pessoa) para tempos que trarão novos rumos ao Mundo e Acontecimentos necessários a uma Nova Era Universal.

 

Rui Palmela

 

   Voltar

 

       

Notas herméticas:   

(de Rui Palmela e Dr. Vitor Adrião)        

     A gruta em questão, cuja localização fica no seio da serra na mesma latitude

 do Convento e cujo acesso é através de um poço sem água  localizado dentro

 duma Cripta, pelo qual se desce a um espaço subterrâneo com vários túneis

que se estendem em várias direcções, e que só poucos aventureiros corajosos

 podem explorar.

     Com efeito,  já se escrevia numa Revista muito antiga, sobre as entranhas

da Serra da Arrábida, o seguinte:  "há na serra muitos e profundíssimos algares,

o mais falado e medonho está no caminho que vai para a Nossa Senhora do

Carmo, onde chamam Vale Bom, e segue 7 kilómetros por baixo de chão até

sair no sítio da Água Branca. Algar quer dizer cova, sorvedouro ou brejo

profundo". (Revista O Domingo Ilustrado, nº 199 - vol. 4, 1900.)

     Quanto às construções estranhas que o grupo de escuteiros teriam visto

 e lhes parecia uma cidade antiga, desabitada, cuja luz ambiente vinha das paredes

 da própria gruta, isso dá fé à narrativa de um verdadeiro encontro JINA, pois

poderia muito bem em tempos idos sido habitada pelo povo de BADAGAS,

habitantes intraterrenos de um dos 3 reinos subterrâneos, o mais próximo da

 superfície, conhecidos nos meios ocultistas.

     Isto leva à fábula etnogénica recolhida e divulgada por Santo Isidro de

 Sevilha, acolhida na Crónica do Mouro Razis, transmitida à tradição

monástica portuguesa quinhentista e  meados de seicentos, exposta por

eruditos de nome como Manuel de Faria e Sousa no livro Europa Portuguesa -

vol. I, IX, perpetuada por Frei Bernardo de Brito in A Monarquia Lusitana,

Cap. I, XXII, quanto a Setúbal ser fundação bílbica do neto de Noé,

UBAL, que escolheu as imediações do Cabo Espichel para fundar essa cidade,

 iniciando assim após o Dilúvio o povoamento  de toda a Hispânia.

     Por outro lado, UBAL tem relação com TUBALCAIM e a tradição ctónica

da forja subterrânea do "Ferreiro" ou SERAPIS que forja os metais com os

 fogos do Seio da Terra. Há nisto algo de Saturno (Ctónico) e Marte (Metalúrgico),

e não será por acaso que a herança arquetípica disso chegou à actualidade,

 onde os melhores metalúrgicos do País sediavam-se em Setúbal que, tal como

 os antigos Fenícios deste lugar, consertavam e construiam os navios que se

faziam ao largo em rotas transcontinentais, indo mesmo até às Américas!...  Por

 outro lado, sabe-se que os primeiros habitantes da Serra da Arrábida foram os

 SÁRRIOS, de que subsistem vestígios de fortificados em vários cabeços da serra. 

    Estes Sárrios proto-históricos terão depois sido aglutinados

 pela cultura Romana e da sua época subsiste a memória

 descritiva de André de Resende (um seiscentista) em suas

 "Antiguidades da Lusitânia", em Setúbal, a antiga Cetóbriga,

 a Igreja de Stª Maria de Tróia foi levantada sobre o primitivo

 templo de Júpiter Amon, de que sobrou só o alpendre.

Também na ponta do Outão foram descobertas em 1644

 as ruinas dum outro templo consagrado a Neptuno

(Deus dos Mares), enquanto no chamado monte Tormoinho

 existem ruinas dum outro templo que se diz consagrado a

Apolo (SOL). De ambos os templos há provas arqueológicas

documentadas.

     Quanto ao "Triângulo Magnético" da Serra sobre o qual se situa o Convento

da Arrábida, com o vértice voltado para baixo, aponta 3 direcções: S. Lourenço de

 Azeitão, Setúbal e Tróia, estando a Lapa de Stª Margarida no sopé subterrâneo

da Serra como se fosse um 8º Templo a que se chega após passar pelas 7 Ermidas

 que descem a encosta numa ‘via sacra’ como se fossem os 7 dias da semana para

esta mesma, os “7 Degraus da Escada de Jacob” referidos na Bíblia, ou os

7 Dhyan-Choans (Seres Ascencionados) ou os 7 Arcanjos Planetários, ou as

 7 Cidades Aghartinas, cuja 8ª é Shamballah, no seio da Terra, o que confere s

imbolicamente com a localização subterrânea da Lapa de Stª Margarida,

vértice principal do triângulo invertido, este considerado por Saint-Yves de

 Alveydre como o Triângulo de Maria, e algo mais que tem a ver com o 3º Logos

 ou Espirito Santo no seio da Matéria.   É por esta razão que está uma Cruz

de Avis sobre a entrada  da Gruta da Lapa de Stª Margarida, cujas fotos pode

ver em baixo:

 

 

Visite a seguir :

  A "Gruta da Lapa de Stª Margarida"  

e

   "Qtª El Carmen  e  o  Convento da Arrábida