Missionários da História 3

5ª mensagem

Gago Coutinho(Gualdim Pais)




Em nome de Cristo, Mestre, Guia e Pastor de todos nós, em nome da Nova Era que alvorece já nos corações puros e nas mentes iluminadas, em nome da imperecível Fraternidade dos Filhos de Deus, saúdo-vos, irmãos!
Ao dirigir-me agora em particular aos espiritualistas de Portugal, seja-me permitido evocar a minha ligação secular à mesma Pátria de que sois filhos. No seu solo terreno encarnei por quatro vezes: primeiro, na figura de Gualdim Pais; pouco depois, sob a personalidade de Afonso Domingues; logo a seguir, com o nome de Diogo Cão; e séculos mais tarde, na minha última existência terrena como Gago Coutinho. Embora sem cair num separatismo que não pode já ter lugar nos nossos dias, não posso, pois, deixar de sentir uma ligação profunda e vibrante à mesma Pátria de que sois igualmente parte.
Revelando-vos algumas das minhas encarnações, fi-lo com vários propósitos, um dos quais é permitir apresentar imagens que sintetizam simbólicamente grande parte do que vos tenho para dizer.
O nosso grande irmão Pedro Álvares Cabral, que me antecedeu na transmissão desta série de mensagens falou-vos já um pouco sobre a importância do Brasil na nova civilização e na nova espiritualidade.
Séculos atrás, aquele irmão, sulcando os mares, dominando as águas, que significam, em toda a simbologia oculta, espiritualista e religiosa, as instáveis ilusões materiais, chegou a Terras de Vera Cruz, firmando um primeiro e fecundo traço de união.
Passados quase quinhentos anos, coubera-me a mim (que nada, em comparação com ele, sou) e a um outro irmão, atingir o território brasileiro mas agora por outra via. Tratou-se, então, de uma ligação por ar que é símbolo da intuição e da liberdade do espírito que voa ao encontro das sublimes paisagens do Reino de Deus.
Devendo vós saber que o plano físico não é mais do que o reflexo onde se manifestam as vontades, os propósitos e as causas originárias dos planos espirituais, não vos parecerá por certo estranho que nesse facto possamos encontrar um significado que é importante para vós conhecerem.

Na verdade, irmãos, a ligação de Portugal ao Brasil, Coração do Novo Mundo e Pátria do Evangelho Eterno que, de novo, vai ser proclamado, tem que continuar a existir e cada vez mais, até que o Pai e o Filho sejam um só, como Cristo é uno com o Pai. Essa ligação,todavia , prezados amigos, não deve agora ser basicamente terrena e formal mas sim em espírito e em fraterna colaboração de esforços a redenção do planeta; não é tanto uniãode corpos mas, sim, união de almas e de vontades.
Aqui em Portugal se abrigou a semente da Árvorc do Futuro que ora brota do solo brasileiro e cujos frutos de Amor e Saber Divinos alimentarão a Humanidade do Terceiro Milénio.
As imagens simbólicas que as encarnações vos apresentei permitem recolher não acabam contudo, por aqui. Se como Diogo Cão eu viajei só por mar, mais tarde, como Gago Coutinho, numa volta mais alta da espiral evolutiva, coube-me também viajar já pelo meio mais rápido e livre mais espiritualizado — do ar.
Também em vós irmãos, este simbolismo se deve tornar em realidade. Vós devereis agora passar dos interesses mais ligados às coisas da aparência para a superior vida espiritual. Não vejais nisto apenas uma sugestão de desapego das coisas mundanas. De facto, o que vos quero transmitir é mais vasto e ambicioso. Vós devereis igualmente, nos vossos esforços espiritualistas, tentar passar dos interesses mais imediatos e visíveis para voos mais ousados nas realidades superiores Necessitais de procurar concepções mais elevadas na mesma direcção mas em planos mais altos do que aqueles em cuja repetição talvez estejais estacionados. Necessitais de não vos aterdes apenas em mais e sucessivas comprovações de existência de vida além do que, erradamente, chamamos morte.
Essa é, sem sombra de dúvida, uma verdade importante e digna de ser proclamada aos que não a aceitam. Mas a quem já a conhece e dela se convenceu indiscutivelmente porém, não são precisas ainda mais comprovações. Diferentemente, tomando essa e outras verdades espirituais como ponto de partida, deveis lançar-vos em estudos e, sobretudo, em serviços mais profundos.

Eis, portanto, que vos proponho que não basta ir uma vez por semana a um qualquer Centro ouvir o que outros dizem ou repetir as mesmas coisas. Deveis pensar por vós próprios,tentando fazê-lo sempre mais profundamente e alcançar mais Sabedoria em Espírito pois quem mais longe avançar na Sabedoria das coisas de Deus mais poderosa e sabiamente pode ajudar os seus irmãos.
Deveis, também, a par dessas actividades a que possais já comparecer, formar grupos mais pequenos (contudo, mais homogéneos e decididos) em que, através do estudo de concentrações, de meditação e de orações, procureis ajudar à evolução da Humanidade.
Eu peço, nomeadamente, que em vários Centros espiritualistas ou em grupos mais restritos, estudeis, comenteis e gloseis cuidadosamente as linhas e as entrelinhas deste conjunto de mensagens, tal como igualmente devereis estudar com profundidade outras obras de Sabedoria Espiritual.

Mas, sobretudo, como simples porta-voz do Alto, de Seres que sabem e podem muito mais do que eu, peço-vos que pratiqueis cuidadosamente a psicografia ou escrita inspirada.
Essa prática, porém, e de novo volto à passagem das coisas mais aparentes para mais ousados voos no Reino das realidades espirituais, deve procurar obter não propriamente instruções banais referentes a coisas ocasionais,aos vossos pequenos problemas pessoais ou a assuntos já conhecidos. Pela elevação da vossa Consciência, podereis capacitar-vos para receber instruções de interesse geral, portadoras de algo de inovador simultaneamente correcto.
Há uma imensidade de coisas, de assuntos e de progressos a transmitir do Alto e que o não são na quantidade desejável por falta de quem queira e seja capaz de os receber. Daí que, em muitas latitudes, este apelo esteja a ser repetido, acompanhado deste aviso: mais facilmente alcançareis mensagens de teor elevado pela Via de registo escrito de imagens, ideias e palavras que surjam nas vossas mentes por transmissão psíquica, do que pelo meio de manifestação mais material da escrita automática ou mecânica. Se bem que esta não seja uma regra absoluta, ficai certos de que de que é aplicável a uma enorme percentagem de casos.
Creio já haver dito o suficiente e rogo apenas que o possais captar e pôr em prática para, desse modo, colaborardes na obra redentora de Cristo, que dentro de poucos anos mostrará a Sua Face aos homens, para os elevar no caminho que conduz a Deus.

Vosso irmão na Luz de Cristo,


Gago Coutinho (Gualdim Pais)

6ª mensagem

Fernão Lopes



Possam estas palavras fluir como o marulhar do mar e o sopro do vento, transportando o apelo futuro da glória passada. Saúdo em vós,herdeiros da pátria portuguesa e das suas tradições, os homens de todas as pátrias em expansão. Testemunhei, neste país, um passado glorioso; possam agora as minhas palavras fazer nascer nos vossos corações a saudade da glória por vir e das conquistas por fazer.Noutros tempos, Portugal foi grande na luta contra os infiéis detestados porque eram diferentes mas, também, porque cobiçavam o nosso território; e foi grande em feitos guerreiros e grande na coragem perante adversários mais numerosos e aparentemente mais fortes. No entanto, levou-os de vencida, e muito se falou disso em toda a parte, pois a coragem do fraco, que derrota os fortes e vence em si mesmo o medo,o desalento e a falta de Fé, suscitará sempre admiração entre os homens.
Repetidas vezes, meus irmãos, vimos Portugal arremeter contra a adversidade nas suas mais diversas formas, fazendo-se grande à custa de ideias arreigadas, coragem e energia espiritual. Foi assim para derrotar os romanos, e Viriato teve nisso grande papel, ainda que nada tivesse feito sem os lusitanos. Foi assim para firmar a indepedência e expulsar os sarracenos, mas Afonso Henriques, e Afonso III e todos os outros, nada fariam sozinhos. Foi assim para que o país continuasse nosso, mas nem Nuno Álvares, nem João de Aviz, nem o Duque de Bragança fariam o que fizeram, se as gentes não tivessem sentido em si o chamamento para a batalha. Foi ainda assim, arremetendo contra o medo, impulsionados pelo ideal que, como as estrelas no céu, os guiava, que os portugueses foram à Ïndia e ao Brasil. Nenhum Adamastor os reteve, pois eles tinham onde chegar.
Contudo, meus irmãos, este país não teve ainda a sabedoria da constância, e às suas glórias feitas de ímpeto, coragem, boa inspiração dos governantes e força espiritual, corresponderam épocas de desventura e de fraqueza. Então, os traidores tiveram a sua tarefa. Apontá-los seria contrário à caridade; contudo sabeis detectá-los facilmente: foram aqueles que venderam, que desistiram, que negaram o espírito da nação, que ameaçaram- desviá-la do seu rumo. Muitas vezes, os portugueses souberam assimir-se a si próprios e, mesmo se alguns materializaram essa traição, ela já vivia nos corações de muitos que preferiram procurar a riqueza á custa de tudo e de todos a mostrar magnanimi-dade e espírito fraterno e construtuivo, ou prepotência escravizadora a verdadeira entreajuda.Fique como exemplo a acção nociva que resultou uso, finalmente cobiçado e egoísta, curto de vistas, cego aos efeitos, do ouro do BrasilI ou das especiarias da índia. Nesse tempo, as especiarias acabaram por embebedar a pátria; veio também a ser o chumbo que a fez do seu baixar do seu pedestal.
Assim, queridos irmãos, este país, que é a barca, tem sofrido glórias e desaires, altos , ou, se preferirdes, variações cíclicas,sempre desejáveis. O tipo de impulso a obedecia um impulso completamente em com a época de peixes, produzia tais um espírito cristão cristão forte, proarroubos de energia espiritual, mas exdo-se no desejo do povo, sempre impe-na busca do ideal, mas sempre pronto naufragar quem se rendesse à simples o dos desejos... olhai para o vosso estado actual, apreno passado e encontrai a semente do que já germina em vós: agora, já não cenos para expulsar. Também não há ouro e especiarias para cobiçar, nem há mares a conhecer. Já ninguém tem o poder de, sem mais, trair a pátria inteira. E os «castelhanos»não ameaçam integridades territoriais. Mas olhai mais profundamente. Portugal é também uma pátria espiritual, estreitamente unida, no Espírito, a todas as pátrias. Portugal, no seu interior, também a pátria celeste, terra formosa, reino divino, uma Sião face à Babel da nossa ignorância e da nossa desordem espiritual. Não esqueçais isto, como Camões nãoesqueceu tais reminiscências nos seus poemas,ele, que cantou como ninguém a Alma portuguesa. Pois, irmãos, nós temos que conquistá-lo no nosso coração, empedernido como antigas muralhas!
Nós temos que encontrar o ouro espiritual que já pressentimos; nós temos que saborear as especiarias da mesa do Pai, no reino espiritual onde estamos sem fronteiras; nós ternos que destruir os traidores que vivem nos nossos pensamentos mesquinhos e comodistas,no nosso egoísmo e na nossa indiferença pelo trabalho; nós temos, enfim, que defender a integridade da Alma portuguesa e afirmá-la contra tudo o que tente afogá-la ou desviá-la do seu novo camino de glória! Este país não tem que lamentar o passado, nem que deixar-se atraiçoar pelo actual estado de desalento e improdutividade das suas gentes. Não podemos acreditar, em cânticos de fado lamentoso, que só um D. Sebastião qualquer pode ,em manhã de névoa, salvar um povo indigno. A nossa glória vai ser grande, como nunca foi, porque este povo vai crescer até à altura de, já sem oscilações ao sabor do desejo mas com firme vontade e intelecto aceso, se conquistar a si próprio. Nessa praça forte assim levada de assalto, ele encontrará o verdadeiro tesouro, obscurecido no passado, que é a Luz Crística. Erguendo a sua taça, plena dessa Luz, ofertará ao mundo, por todos os meios ao seu dispór, a Energia vivida que já animou tantas vezes, outrora. Essa oferta, conj untamente com a das taças repletas das almas de todas as nações, trará a todos uma verdadeira abundância, e fará da Humanidade uma só, vitoriosa contra o mal e a doença em si própria, sob o comando do Cristo que somente poderá comandar uma Humanidade digna!...Despeço-me humildemente, como um grato observador destes acontecimentos que estão já a desencadear-se.

Fernão Lopes